terça-feira, 28 de junho de 2011



28 de junho de 2011 | N° 16743
PAULO SANT’ANA


O tombo da professora

Existem dois afiados punhais cravados no meu peito permanentemente: o sórdido tratamento de saúde que se dá aos doentes brasileiros e este time do Grêmio arrastado e impotente, sem atacantes.

Saibam os que realizaram essas duas obras defeituosas que me afligem torturantemente durante todos os instantes da minha vida.

Estava no Sala de Redação na sexta-feira quando perguntaram ao torcedor convidado onde ele trabalhava. E ele respondeu que era funcionário da Santa Casa.

E eu: “E como é que tu arrumaste vaga? Por convênio ou pelo SUS?”.

Eu às vezes fico pensando que, ao contrário do Hugo Chávez e do Fidel Castro, o Lula bolou um engenhoso método de manter-se no poder durante décadas: botou a dona Dilma em seu lugar, manobra os cordéis do governo à relativa distância. Quando terminar o mandato de Dilma, ele reassumirá.

Tem a vantagem de que ninguém o classifica como ditador, ele respeita as eleições e não excede em oito anos o seu mandato formal.

Tudo isso realizado com muito talento, fazendo desaparecer a oposição e mantendo durante este largo período a fidelidade do eleitorado nacional.

A professora ensinava os alunos do ensino fundamental. Quando ela se dirigia a sua mesa, um dos alunos, o mais traquinas, jogou no chão da sala uma barra de sabonete.

A professora pisou em cima e levou um largo tombo, subindo por inteiro, até a cabeça, a sua saia.

A professora se recompôs e perguntou: “Alfredinho, o que tu viste?

“Vi as suas pernas, professora”, foi a resposta.

“Saia da sala, está suspenso por cinco dias”, disse a professora.

A mestra prosseguiu em seu interrogatório: “E o que avistaste no meu tombo, Pedrinho?”.

Pedrinho disse: “Vi seus joelhos, professora”.

“Saia da aula, estás suspenso por 15 dias”, sentenciou a professora.

Foi a vez do Danielzinho, que disse que “vi as suas coxas, professora” e foi suspenso por 30 dias.

Voluntariamente, o aluno Vicentinho foi se retirando da sala, e a professora perguntou por quê. Resposta do Vicentinho: “Pelo que vi, professora, me considero expulso da escola.”

Assim sou eu, pelo que tenho visto de bandalheiras e corrupções na vida pública, ainda mais com o que vem por aí nas obras da Copa do Mundo, me considero expulso da escola.

Chegou a um ponto que vou para a frente da televisão com a certeza de que vou assistir a mais uma derrota do Grêmio.

Há muito tempo que previ este vergonhoso desastre.

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