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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010
09 de dezembro de 2010 | N° 16544
PAULO SANT’ANA
Hospitais sem vagas
Como eu sempre digo e repito minha frase: a velhice é a pior doença.
É que, esses dias, eu saí a campo para investigar as causas da lotação dos hospitais.
Como se sabe, há muito tempo que não existe vaga nos hospitais públicos, os atendidos pelo SUS.
Mas é que agora se verifica um estranho fenômeno: não está havendo vagas nos hospitais privados, os que atendem por convênios. Eu achei muito exótico isso e tratei de saber das causas.
Encontrei, afinal, com uma supervisora de hospital privado a resposta para o enigma: ela me disse que não existem vagas nos hospitais privados, que fazem atualmente das tripas coração para encontrar lugar para os doentes, em face de que os idosos estão lotando os hospitais.
As famílias dos idosos pressionam os médicos para manterem internados os idosos nos hospitais.
Para as famílias, é muito mais seguro que seus parentes idosos permaneçam nos hospitais, ali eles podem obter tratamento a qualquer momento em que necessitarem.
Então, acontece que os idosos ficam nos hospitais mesmo quando não estão doentes. Vão ficar doentes, mas por enquanto não seria o hospital o lugar para guardá-los, melhor seria que fosse uma casa geriátrica.
É que editaram o Estatuto do Idoso, com todo o arsenal de direitos que amparam os velhos, mas se esqueceram de criar casas geriátricas.
E há uma excêntrica mania entre o povo: em vez de procurar um posto de saúde, as multidões se dirigem aos hospitais; em vez de se dirigirem às casas geriátricas para abrigar seus idosos, as famílias se dirigem aos hospitais.
Primeiro, que não existem casas geriátricas. E, segundo, o principal problema: os convênios não pagam por internação de idosos em casas geriátricas. Acho até que deveriam pagar, mas os costumes e o emaranhado de leis não preveem a casa geriátrica como lugar de tratamento de saúde.
Convênio só paga para idoso internamento em hospital. E vão só para os hospitais multidões de idosos que não estão necessitando de hospitais e sim de cuidados assistenciais para a delicadeza de sua faixa etária.
Esse problema é grave atualmente e tende a se agudizar.
Alguém precisa alertar os políticos e os governantes para a criação das casas geriátricas. Não só para ajudar os velhos na sua existência difícil como para aliviar urgentemente os hospitais, que estão estrangulados em sua capacidade aquisitiva de doentes pelos idosos, que tornam os hospitais repletos de velhos que na maioria das vezes não necessitam com urgência dos serviços caracteristicamente hospitalares.
Orgulho-me de estar tocando mais uma vez em uma nevrálgica ferida social que passa despercebida pela sociedade.
Fizeram um filme sobre o Internacional nos últimos dias. O nome do filme é Absoluto.
E, como é natural, foram citados no filme vários vultos que passaram pela história do Internacional.
Mas esqueceram, não sei se de propósito, de citar a figura do deputado federal Ibsen Pinheiro, sem dúvida um nome que compõe a história do Internacional.
Omissão, descaso, olvido? Melhor mesmo é riscar um triplo.
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