sábado, 11 de dezembro de 2010



12 de dezembro de 2010 | N° 16547
PAULO SANT’ANA


O gorila do Brooklyn

Há algo no ar pairando sobre este final de ano. Algo muito estrondosamente significativo está para acontecer. E bem longe daqui.

Noto isso pela movimentação das camadas tectônicas, irá sobrevir um grande acontecimento, vindo dos territórios mais antigos da humanidade.

Há uma estranha corrente elétrica no ar. Algo nos vai acontecer de impactante. Algo que vai mexer com multidões de gaúchos.

Resta só esperar. Mas há algo no ar.

Quando sou examinado por médicos, tenho dificuldade em definir com palavras o que estou sentindo: é uma espécie de tontura que não é bem tontura, uma vaguidão, parece que foi desligada uma das fases do equilíbrio de meu organismo, sou dominado por um estado letárgico de apatia corporal.

Sei que não é uma vertigem, porque nas vertigens a cabeça gira, e a minha cabeça não gira. Ela é fixa, mas tenho às vezes a sensação de que me rola na cabeça o cérebro oco.

Sei que os neurologistas intentam uma certa manobra com a cabeça, fazendo-a retornar à normalidade.

Peço ao doutor Dalbem que entre em contato comigo, me disponho a ser alvo dessa manobra.

Há muito tempo que essa tontura me acompanha e tenho tentado indomitamente me livrar dela, sem sucesso.

Interessante é que esse estado mórbido não afeta, por nenhum sinal, a minha capacidade intelectiva: trabalho, escrevo minhas colunas, apresento meus programas de rádio e televisão, expedindo normalmente minhas ideias: não perdi minha articulação de pensamento.

Ainda bem. Pior é se me tivesse danificado o metabolismo intelectual.

Prossegue a visitação pública aqui na Redação de Zero Hora, constante do Natal, quando os familiares dos funcionários vêm conhecer a RBS.

Todos param, principalmente as crianças, para me ver no local de trabalho. Querem me tocar e saber coisas de mim.

Uma vez visitei, em Nova York, o Zoológico do Brooklyn. A principal atração daquele zoológico é um estupendo símio, um gorila gigantesco e espetacular. Todos querem vê-lo e o examinam atentamente.

Nesta visitação aqui em ZH, eu me sinto como o gorila do Brooklyn. Todos querem me olhar entre as outras feras da Redação

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