quarta-feira, 15 de dezembro de 2010



15 de dezembro de 2010 | N° 16550
PAULO SANT’ANA


Mazembe, quem diria?

Às vezes desconfio de que tenho parte com Deus.

Não raras vezes esta coluna foi profética. Mas, na crônica de ontem, eu me sublimei, antecipando-me ao que aconteceria em Abu Dhabi à tarde.

Olhem o que eu escrevi na noite de segunda-feira:

“Não sei, mas uma sensação estranha me persegue há dias. Talvez seja fruto da intensa campanha de rádio, jornal e televisão, estou meio que com o coração na mão. Não sei a que atribuir esse sopro na caixa do peito. Sinto que algo muito bom ou muito ruim me acontecerá nos próximos dias.

Estranho. São auspícios, é a isso que se chama de auspícios: não sei se bons ou maus auspícios. Mas há algo no ar além das aves e dos aviões de carreira.

Há algo que fará a terra tremer nos próximos dias”.

Agora tudo ficou igual no RS: o Grêmio e o Inter são uma vez campeões mundiais e cada um é duas vezes campeão da Libertadores.

Mas não é bem tudo igual: o Grêmio tem o título de vice-campeão mundial de 1995, e o Inter nem isso conseguiu em Abu Dhabi.

Mas olhem a vocação profética desta coluna novamente, verificada no dia 10 último:

“Foi uma enorme alegria o Independiente vencer o Goiás ontem. E saibam os gremistas que as alegrias de 2010 ainda não terminaram, vêm mais por aí”.

E agora um mistério impenetrável ronda as comunicações gaúchas: a RBS e a Rádio Gaúcha irão transmitir de Abu Dhabi o jogo decisivo pelo terceiro lugar no mundial?

Estou louco para ouvir o Galvão neste jogo.

Em Abu Dhabi, ontem, a África soterrou a América. Foi a fúria das camadas tectônicas.

Eu sinceramente não sei o que é pior, o que mais dói, o que mais punge, o que mais devora: se perder nos pênaltis o título mundial como o Grêmio perdeu para o Ajax ou se perder para o desconhecido africano, Mazembe, na semifinal?

Escolha o leitor o que é o pior. Eu acho duas dores terríveis e iguais.

Se por acaso o governador eleito Tarso Genro optar por parceria público-privada na construção e administração de presídios, poderá fazer de seu governo uma etapa histórica e espetacular na política gaúcha, revolucionando os métodos governamentais para melhor.

Se, no entanto, Tarso Genro ficar esperando pelas pífias verbas de seu erário estadual ou por óbolos esparsos do Tesouro da União para construir presídios, deveremos ter outro governo insosso e ineficiente no combate àquela que é a maior causa do avanço da criminalidade, como escrevo há 40 anos em ZH: o colapso do nosso sistema penitenciário.

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