sexta-feira, 12 de março de 2010



12 de março de 2010 | N° 16272
PAULO SANT’ANA


Acertar na veia

De todas as partes, recebo elogios pela coluna “Ombro amigo”, que escrevi neste espaço ontem.

Dizem que para o leitor ter prazer é preciso que quem escreva tenha sofrimento.

Eu escrevi a coluna de ontem com grande sofrimento. E com grande alegria. Foi baseada unicamente numa experiência pessoal.

Soube que a coluna foi ontem lida num auditório repleto de pessoas na Rua dos Andradas, Call Center da RBS, e que as pessoas choraram.

Já escrevi aqui que as minhas maiores realizações como colunista se deram quando minhas colunas fizeram rir ou chorar.

E, se a coluna de ontem fez chorar, então meu egoísta sentimento de orgulho foi acentuado. Cumpriu com a sua missão, tocou as pessoas, o assunto era pertinente a elas, fê-las refletir e fê-las sentir.

Poxa, como estou contente pelas reações que a coluna provocou.

Agora mesmo, continuam chegando mensagens sobre a coluna, muitas delas confessando que mergulharam em pranto quando a leram.

Que bom.

O colega Moisés Mendes brinca comigo: “Pablo, depois de teres feito esta coluna sobre o ombro amigo, podes tirar o pé do acelerador, dificilmente farás algo igual nos próximos dias”, debaixo dos cumprimentos calorosos que recebi do Nílson Souza, do Clóvis Malta e do Olyr Zavaschi, os companheiros que trabalham na mesma sala comigo aqui no jornal.

O Moisés brinca, mas não tem consciência do quanto fala sério: é simplesmente impossível a quem escreve todos os dias manter o mesmo nível de qualidade e interesse dos leitores em todas as colunas.

Desapareceram da imprensa brasileira os colunistas que escrevem temas mundanos, do cotidiano, filosofia, assuntos gerais, diariamente. Quase todos assinam suas colunas duas vezes por semana.

É um sofrimento escrever todos os dias. Um sofrimento e um prazer, no meu caso.

Mas achar assunto para todos os dias é tarefa espinhosa, que cumpro, inacreditavelmente, há 38 anos, já tendo escrito para Zero Hora 16 mil colunas. Não sei de onde tirei tanto assunto e como pude ter tanta inspiração.

Parece mentira.

Mas não dá para fazer chorar ou rir todos os dias.

A Câmara Federal aprovou projeto pelo qual serão distribuídos royalties entre todos os Estados e municípios brasileiros pela produção de petróleo nas plataformas marítimas de maneira uniforme, sem privilegiar os municípios e Estados produtores.

O resultado foi de 300 votos a 70.

Todos ganharão o mesmo pelo projeto, o que é justo. Afinal, as fontes de petróleo pertencem à União.

Houve uma grita entre políticos do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, os Estados produtores de petróleo.

“Teve motivo eleitoral a emenda que distribui uniformemente entre todos os royalties”, gritaram os opositores ao que foi aprovado.

Mas como foi eleitoral a motivação da emenda? Se o principal autor da emenda, deputado Ibsen Pinheiro (PMDB-RS), sequer será candidato à reeleição, como poderão acusá-lo de interesse eleitoral?

E afinal, o petróleo é nosso ou é “deles”?

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