sexta-feira, 19 de março de 2010



Cauby, Roberto e novas emoções

Há pouco foi lançado o CD intitulado Cauby interpreta Roberto pela gravadora www.luamusic.com.br. Cauby Peixoto, para muitos o maior cantor brasileiro de todos os tempos, canta nele exclusivamente músicas de Roberto e Erasmo Carlos.

Proposta, De tanto amor, A volta, Sentado à beira do caminho, Os seus botões, Música Suave, As flores do jardim da nossa casa, Não se esqueça de mim, Desabafo, Olha, À distância e O show já terminou estão na gravação.

Como se vê, não são as principais canções do Rei, tirando Sentado à beira do caminho, que é mais até do Tremendão Erasmo. Cauby não solta o conhecido e lendário vozeirão e não apresenta os trejeitos que os fãs adoram.

Ele só diz, quase sussurra, suavemente, as letras, à moda de Roberto, de João Gilberto ou de Tony Bennett, este último ídolo do Rei. Os arranjos também são comedidos, básicos.

Mesmo assim e mesmo com o repertório de canções menos votadas, ou talvez por isso mesmo, o CD mostra, mais uma vez, a majestade musical de Cauby que, mesmo cantando à moda de Roberto, é, mais uma vez, profundamente pessoal e intransferível.

Talvez fosse mais interessante ouvir interpretações das canções de Roberto ao inimitável estilo do próprio Cauby, não sei. Seria interessante ouvir as interpretações, por Cauby, das canções mais conhecidas de Roberto e Erasmo.

Quem sabe num próximo CD. Mas acho que o disco lançado, além de ser um registro histórico obrigatório, mostra que um verdadeiro artista do porte de Cauby Peixoto, mesmo com a consagração e a idade que tem, não deve furtar-se a desafios e novidades.

Foi o que ele fez. Com grandeza, genialidade, criatividade e humildade. Só os grandes fazem assim. Uma vez perguntaram a Piazzolla por que ele tinha mudado o tango. Ele, serenamente, respondeu: por que um artista que não muda é um artista morto.

Cauby já inventou, reinventou e mudou muitas vezes - de roupas, de repertório e até de penteados - em décadas e décadas de carreira, mas sempre soube manter sua essência de pessoa, de alma e de cantor, que é o que realmente conta.

Por isso ele é quem é, segue muito vivo e cantará cada vez melhor, como o colega-vizinho Carlos Gardel, para citar só um exemplo de eternidade.

Bem aproveite este que é o último dia do verão. Amanhã já será outono de novo. A tarde estarei na PUC para defesa de minha Tese de Mestrado

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