terça-feira, 30 de março de 2010



30 de março de 2010 | N° 16290
PAULO SANT’ANA


Dourado, o homofóbico

Como imperceptivelmente me torno, em razão de ser um cronista diário, um adivinhador, um antecipador de decisões, um opiniático, vou hoje fazer outra previsão, depois de ter adiantado como seria o júri dos Nardoni.

Acontece que hoje é dia de grande (no sentido de extensa) poesia de Pedro Bial no anúncio daquele que será consagrado logo mais à noite o campeão do Big Brother 10.

De um lado, um dos três finalistas é o Cadu, um bebezão brutamontes que não acrescentou nada, absolutamente nada, ao programa durante todo o transcorrer.

Mostrou em todo o BBB a única coisa que tinha, um físico extraordinário, um tórax avantajado que deve ser do agrado das mulheres, mas nenhuma ternura, nenhuma inteligência, nenhuma sensibilidade. Deve ter sido escolhido pelo programa por seu tórax, como se fosse uma competição de halterofilismo.

Por isso não vai ganhar.

No centro dos três finalistas, figura a extasiada Fernanda. Outra que, além da beleza dos seus olhos e do encanto do conjunto lábios, dentes e sorriso aliados a um nariz bem feito, emoldurados por uns olhos azuis tentadores, nada tinha para oferecer ao respeitável público.

Nada mais. Nenhuma palavra, nenhum pensamento, nenhum raciocínio, nenhuma participação em qualquer diálogo mais interessante, nem que fosse pelo bom humor ou pela descontração.

Cadu e Fernanda foram as mais altas expressões de mediocridade da história de todos os Big Brother, os programas se arrastavam e não vinha deles qualquer manifestação ao mundo das ideias nem mesmo das ideias mundanas.

Talvez por isso tenham chegado à final. Não se conhecem os motivos por que o público brasileiro escolhe os finalistas do Big Brother, um profundo mistério. Desta vez escolheu o Cadu e a Fernanda como finalistas, os dois certinhos, os dois água com sal, os dois maria vai com as outras, os dois um zero à esquerda.

Não vai ganhar por isso a Fernanda.

Vai ganhar o Dourado. Nunca foi tão fácil pôr R$ 1,5 milhão no bolso. Bastou espalhar a notícia de que era homofóbico (aversão por homossexuais), discutir asperamente com três ou quatro participantes quando ainda eram muitos os participantes. Sabichão, não discutiu quando eram poucos, tinha medo de ser indicado por um deles para o paredão. Medo infundado, o público já tinha definido desde quase o início do programa que ele seria o vencedor, acabou voltando invicto de cinco paredões, o que mostra o quanto era odiado pelos outros participantes.

Até que cansaram e não o mandaram mais.

Vai pôr 1 milhão e meio no bolso o Dourado. Nunca foi tão fácil ganhar tanto dinheiro.

Bastou arrotar e escarrar a torto e a direito no programa, mostrando que os que estão dentro da casa não têm muita noção de que são vistos durante as 24 horas do dia no peiperviu. Se o tivessem, ele não arrotaria e cuspiria tanto para todos os lados durante as tardes e noites inteiras.

Vai ganhar o grosso, o sem ternura, o que mais se esforçou para fingir que era meigo, sem nunca ter sido convincente.

Mas ganhou o que se definiu, os outros todos ficaram sempre em cima do muro, querendo agradar aos colegas e ao público.

E o Dourado pelo menos teve a audácia de se atritar fortemente e longamente por três ou quatro vezes, levando as brigas à frente com intrepidez.

Vai ganhar o Dourado.

Mas tinha que ter ganho o Michel.

Ou o Dicésar.

Pelo menos, estes últimos dois pensavam alguma coisa.

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