sábado, 20 de março de 2010



21 de março de 2010 | N° 16281
PAULO SANT’ANA


Um sequestro improvisado

A Polícia Civil, como já escreveu o repórter Humberto Trezzi, está em estado de graça: resolveu totalmente o sequestro do jovem Fernando Júlio Estima, praticado na noite da última quarta-feira no Balneário Cassino, em Rio Grande.

Para a elucidação completa do sequestro, as delegacias de polícia de Rio Grande contaram com o apoio da Brigada Militar e com o reforço do delegado Juliano Ferreira, da Delegacia de Furtos e Roubos de Porto Alegre, e do delegado Ranolfo Vieira Junior, diretor do Departamento Estadual de Investigações, que seguiram às pressas para Rio Grande, tão pronto consumado o crime.

Foi um sequestro com resgate pago, tudo monitorado pela polícia. Um notebook, joias e R$ 30 mil, entregues e deixados em um local da praia do Cassino pelo pai do jovem sequestrado, ao mesmo tempo em que o jovem Fernando Júlio Estima era deixado na praia, amarrado e vendado, a dois quilômetros do local da entrega do dinheiro.

Como a polícia tinha conhecimento dos dois locais, não foi tão difícil a prisão do sequestrador que de moto fugiu com o dinheiro pago pelo resgate, mas foi capturado e denunciou todo o bando de seis sequestradores. De R$ 200 mil, o preço do resgate havia sido reduzido para R$ 60 mil.

O sequestro foi improvisado pelos sequestradores. Eles inicialmente roubaram a casa do pai do garoto sequestrado, mas, como encontraram nela R$ 30 mil, cresceram o olho e resolveram sequestrar o jovem. Foi quando caíram do cavalo, metidos num metiê a que não estavam acostumados e ainda por cima enredados numa outra ação policial elogiável e exitosa.

O que impressiona no caso é a pressa de que foram tomados os sequestradores quando aprisionaram Fernando.

Levaram-no para a casa do sogro e da sogra do mentor do sequestro, onde se encontrava também uma namorada deste.

Lá aprisionaram o sequestrado, que ficou sob os cuidados também da sogra, do sogro e da namorada do chefe da quadrilha.

Ou seja, estes últimos três tiveram a notícia de que participariam do sequestro de surpresa. Mas, pelo que noticiou Zero Hora, aderiram ao plano e agora estão também presos e enredados no crime por terem colaborado para a execução do cativeiro do sequestrado.

Chama a atenção o improviso da ação dos ladrões e sequestradores. Inicialmente, no roubo da casa do pai do sequestrado, onde este se encontrava, usaram para o assalto um revólver de brinquedo e um facão.

Depois, o também improviso da escolha do cativeiro.

Imaginem um sequestrador escolher de repente como local para o cativeiro a casa de seu sogro, sua sogra e namorada. E, pasmem, o sogro, a sogra e a namorada do mentor do sequestro aceitarem a guarda do sequestrado e colaborarem automaticamente para o crime, tomando para si a custódia do sequestrado e envolvendo-se na coautoria de um crime para o qual não estavam preparados.

É nesta situação que estamos. O crime está tão espalhado, que de repente quaisquer pessoas sentem-se artesanalmente atraídas para ele. Neste caso, com um revólver de brinquedo e aproveitando-se tão somente do telefone celular do sequestrado para fazer os contatos extorsivos.

Felizmente, tudo foi resolvido. Não se perdeu nenhum tostão, a vida do sequestrado foi resguardada e resta somente a vida estragada dos seis autores do sequestro.

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