Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
segunda-feira, 29 de março de 2010
29 de março de 2010 | N° 16289
LUIZ ANTONIO DE ASSIS BRASIL
Honra ao perdedor
O perdedor deu o seu melhor, deu sua alma, sua inteligência, sua vida, suas esperanças. Lutou, concentrou sua vontade e seu talento mas, perante certo olhar, não venceu.
Exigem-lhe que se recolha ao fracasso de sua existência e faça o favor de desaparecer. Segundo esse olhar, ele é o loser, situado a uma distância planetária do winner. Ao winner tudo: o brilho, as manchetes, os discursos, os filmes e as fotos.
É tempo de repensarmos essa tão simplória quanto injusta dicotomia que aos poucos se instala na sociedade brasileira e que, no fundo, não passa de imitação subserviente do modelo imposto por uma ética perversa.
Os critérios que qualificam os vencedores são estabelecidos de forma unilateral, e significam, pela ordem: a posse do dinheiro e o exercício do poder. Não o dinheiro para comprar o necessário e o que alegra, ilustra e embeleza a vida; não o poder destinado a operar na coletividade, colaborando para torná-la mais justa. Metamorfoseados em valores absolutos, o poder e o dinheiro apresentam-se como entidades bastantes em si mesmas.
O ganhador, por isso, não tem qualquer dúvida. Todo seu modo existencial é uma blindada parede de certezas. Não admite o erro alheio e jamais escuta o outro, pois o ato de escutar, mediante sua perspectiva, é um ato de fraqueza.
Honras ao perdedor.
Fanfarras ao perdedor.
Ele é quem guarda – intocados – os mais generosos valores humanos. Ele, somente ele, mantém acesa a luz da solidariedade. O dinheiro e o poder não lhe dizem nada. Sua aparente derrota é, na verdade, o triunfo da sensibilidade e da compaixão.
Só o perdedor sabe o que significam a aflição da luta e a dor da perda, condições necessárias ao crescimento e à ação construtiva. Já o vencedor, por desconhecer as contrariedades, nada pode oferecer, senão um estéril egocentrismo narcisista.
E então, quando a sociedade brasileira em peso orgulha-se do fato de o país contar com um dos 10 maiores bilionários do mundo e dá-lhe as capas das revistas ilustradas, é porque estamos longe, muitíssimo longe de saber o que seja o verdadeiro orgulho. Ele está em outro lugar: perguntemos ao perdedor.
Ou, apenas, consultemos nossa consciência.
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