sexta-feira, 19 de março de 2010



19 de março de 2010 | N° 16279
PAULO SANT’ANA


Um clamor geral!

Chegamos a um ponto de total saturamento na segurança pública nos casos de assaltos.

Recebo veementes reclamações das pessoas sobre as condições de segurança na Grande Porto Alegre e no Interior.

As pessoas relatam a este colunista, com preciosidade de detalhes, os assaltos de que foram vítimas, a maioria delas quando estavam dirigindo seus carros.

“Na segunda-feira, 8 de março, às 20h, enquanto dirigia meu automóvel, fui surpreendido com uma ação que jamais pensei pudesse acontecer em Porto Alegre, quiçá no Rio de Janeiro.

Trafegava nas imediações do Bourbon Country, quando um Ford Ka fechou o meu carro, em pleno trânsito e com as pessoas em volta assistindo. Desceram quatro homens armados e, todos com capuz, cercaram meu carro, estrategicamente nas laterais do meu carro, e ordenaram que eu saísse, exigiram dinheiro e me levaram R$ 3 mil, notebook, celular, pasta com documentos, enfim...

E o mais impressionante é que os quatro assaltantes tinham sotaque paulistano. A coisa está tão fácil aqui, que bandidos estão vindo de todas as regiões do Brasil para assaltar, como se não bastassem os daqui... (ass.) Cláudio Ávila (claudioavila@terra.com.br, fone 51 8179-5363)”.

Num só dia, as manchetes de jornal: “Ladrões atiram e matam advogada para roubar seu carro em Novo Hamburgo”. “Homem é vítima de dois assaltos diferentes em apenas 10 minutos e ainda tem tempo, a seguir, para presenciar uma mulher baleada em outro assalto, no Bairro Rubem Berta”, “Bandidos atiram e matam jovem dentro de creche com cem alunos em sala de aula”, “Garoto de 15 anos tortura menino de cinco anos”.

E por aí vão os casos de banditismo e ladroagem nas ruas, alguns à luz do dia.

E é preciso que se tenha em conta que esses são os casos que vêm parar nos jornais, ou seja, os que importam assassinatos ou ferimentos nas vítimas.

A grande, a maior parte dos assaltos não é divulgada na imprensa.

Estamos entregues à sanha dos assassinos e dos ladrões.

E empilham-se diante da minha mesa as queixas candentes da população, exigindo providências das autoridades.

Isto é uma guerra civil. Declarada. A insegurança perpassa todos os cantos. Há centenas de quadrilhas de ladrões de carros e há outros milhares de ladrões que assaltam com outros fins, espalhados, soltos pelas ruas, fazendo vítimas, triunfando, impunes.

Mas chegou a um ponto em que se levanta um clamor popular contra essas ações criminosas, a sociedade emite um brado de protesto e de socorro, não admite mais que prossiga esse estado de coisas.

Além de urgente aumento do efetivo policial, que se sente exaurido diante do aumento geométrico dos ladrões e assassinos, algo precisa ser feito pelos contingentes policiais existentes atualmente.

A Brigada Militar terá de mudar a estratégia simplista de só atender a chamados, depois que os crimes são cometidos.

Os efetivos policiais fardados têm o dever de evitar o crime, fazem parte de um policiamento ostensivo que tem de sair para as ruas e “adivinhar” o que vai suceder ou então coagir e intimidar os bandidos por sua presença e ação constantes nas ruas.

Assim só, não dá para continuar: a maioria das ações da Brigada Militar se desenvolve após a perpetração dos crimes (assaltos), quando teria de se alastrar obrigatoriamente para evitar o comportamento criminoso, antecipar-se por sua presença ostensiva à ação dos bandidos, principalmente pela intimidação diante do policiamento fardado, o que não está ocorrendo.

A principal e quase essencial função do policiamento ostensivo é o caráter preventivo da sua atuação.

Aqui entre nós, está distorcida essa missão: o policiamento ostensivo só age depois que ocorrem os crimes.

De novo, numa repetição enfadonha, estão faltando policiais fardados nas ruas.

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