sábado, 13 de março de 2010



O barraco armado pelo Imperador

Palavrões, tapas e até carros depredados são alguns dos ingredientes da briga de Adriano com a noiva - episódio que expõe, outra vez, o drama do jogador com o álcool

Ronaldo Soares - Marcelo Régua/AE

Uma relação turbulenta

Adriano e a noiva, Joana, reatados depois do arranca-rabo na favela: família desaprova



Com uma biografia turbulenta, pontuada pelo consumo excessivo de álcool, crises de depressão e até a deserção da Inter de Milão, em 2009, com o contrato ainda em vigor, o atacante Adriano, hoje no Flamengo, envolveu-se, na semana passada, em novo escândalo - desta vez, com cenas de ciúme, alguma violência e muita baixaria.

O episódio foi precipitado pela fúria de sua noiva, a ex-garota-propaganda e atual personal trainer Joana Machado, 29 anos, que, ao flagrar Adriano em meio a uma balada funk repleta de mulheres e regada a álcool, pôs-se a estapear o jogador, até ser repelida por ele com um empurrão.

Ainda descontrolada, a moça muniu-se de uma pedra solta na calçada, com a qual provocou estragos na lataria de um Hilux e de um BMW, respectivamente dos jogadores Dênis Marques e Álvaro, do Flamengo, que ali estavam em companhia de Adriano.

Tudo se passou na favela Vila Cruzeiro, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde Adriano nasceu e que continua a frequentar.

Por lá, mantém amizade de infância com o chefe do tráfico, Paulo Rogério de Souza, mais conhecido como Mica, que também participava da farra e, no auge da confusão, esbravejou: "Mulher não tem de ir atrás de homem na birosca". Por ordem do próprio Adriano, Joana acabou expulsa da favela pelos traficantes.

O jogador, que permaneceu na festa, chegou a dizer: "Se ela resistir, amarra numa árvore, até se acalmar".
Fabio Motta/AE

A frase infeliz

O goleiro Bruno, que presenciou a briga, saiu em socorro de Adriano: "Quem nunca saiu na mão com a mulher?"

O episódio não apenas expôs a relação intempestiva de Adriano com a noiva - com quem, entre idas e vindas, está há dois anos - como trouxe à tona questões que sempre rondam sua trajetória. Uma delas diz respeito à flagrante instabilidade emocional do jogador.

Resume o médico Marco Aurélio Cunha, superintendente do São Paulo, que teve forte convívio com Adriano em sua passagem pelo clube, em 2008: "Ele alterna os períodos de euforia com os de arrependimento pelos excessos e os de depressão".

Por trás dos constantes altos e baixos, pesa um histórico de consumo abusivo de álcool, hábito que se intensificou depois da morte de seu pai, em 2004, seguida da separação da mulher, Daniele Carvalho, mãe de seus dois filhos.

Àquela época, Adriano chegou a revelar à imprensa italiana: "Bebo para conseguir dormir". Em entrevista a VEJA, a mãe do jogador, Rosilda Ribeiro, expressou sua preocupação: "Para meu filho, a bebida é uma fuga. Se não está feliz, acaba extrapolando". Na semana passada, o assunto voltou à cena, já que, no dia do arranca-rabo, Adriano bebeu à vontade.

"O problema dele com álcool é notório", disse, sem rodeios, o vice-presidente de futebol do Flamengo, Marcos Braz. Na primeira vez em que falou sobre o episódio na favela, na última sexta, Adriano reagiu: "Se eu bebesse tanto como dizem, não conseguiria nem jogar".

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