sexta-feira, 26 de março de 2010



Susan Boyle e os milagres de todos os dias de nós todos

Eu poderia falar aqui do júri do caso Isabella Nardoni, poderia falar do ruído infernal da obra aí ao lado, da violência cotidiana, das mortes no trânsito do fim de semana, da politicalha-corruptalha ou poderia, simplesmente, ficar falando da falta ou do excesso de assunto e da dificuldade de escrever sobre alguma coisa, hoje em dia, para leitores tão bem informados. Poderia também inventar algo interessante para entreter e informar os leitores amigos.

Mas como não falar de Susan Boyle, a inglesa simpática, interiorana, feinha, gordinha que, aos 48 anos, desempregada, conseguiu realizar o sonho de se tornar cantora profissional?

Ninguém estava dando a mínima quando ela pisou no palco, usando vestido simples, cabelos em desalinho, desengonçada, pouco maquiada e enfrentou o show de calouros Britain´s Got Talent. Sorrisinhos irônicos brotaram quando ela disse que queria ser cantora profissional e todo mundo já anteviu o sonoro gongo.

Mas ela soltou a voz e, em questão de segundos, os queixos dos jurados e da plateia bateram no piso do teatro quando ela começou a entoar I dreamed a dream, canção do consagrado musical Les Misérables. Mais alguns segundos e as lágrimas vieram, inevitáveis, de quase todo mundo que a assistiu.

Fui o número 89397892 a entrar no YouTube para ouvi-la e fiquei feliz em saber que Susan vai receber R$ 10 milhões pela venda de discos. Ela vai comprar uma casa, tentar manter as raízes, seguir cantando, ser feliz.

Pessoas como Andrew Lloyd Webber (O Fantasma da Ópera) a querem como parceira e várias outras celebridades já são seus fãs declarados. Susan não ganhou o tal concurso de calouros. O prêmio de R$ 320 mil para ela seria merreca. Mas o fato é que ela e nós ganhamos ânimo para apostar nos próprios sonhos e nas possibilidades de mudança e realização. Há quem diga que a coisa toda foi uma farsa. Nem tenho como opinar. Se foi armação, certamente foi uma armação do bem.

Prefiro ouvir a voz linda de Susan Boyle e pensar que ela faria um dueto fantástico com Judy Garland, cantando a imortal Over the rainbow. Jorge Luis Borges, o genial escritor argentino, pouco tempo antes de nos deixar deixou como mensagem final o desejo de que a gente não esqueça nunca dos sonhos.

A vida é sonho e os sonhos, sonhos são, decretou Calderon de La Barca, há séculos. Bons sonhos, boas realizações e poucos entraves e conversas chatas para todos nós.

Uma linda sexta-feira para vc e um ótimo fim de semana

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