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quarta-feira, 3 de março de 2010
03 de março de 2010 | N° 16263
PAULO SANT’ANA
Engarrafamento estressante
Se em condições normais o trânsito na cidade já está insuportável, imaginem na situação que ocorreu ontem, quando no início da tarde foram interrompidas as vias do Túnel da Conceição – e a cidade parou.
Um maluco colocou uma bomba ou uma pseudobomba no túnel e a polícia teve de desativar o artefato, restando milhares de carros à espera de horas pelas providências policiais, com todo o trânsito na superfície da cidade completamente transtornado.
Mas vamos para as condições normais do trânsito, quando não tem bomba a ser desativada. Está uma calamidade. Olhem, por exemplo, para a Avenida Ipiranga, a nossa principal avenida: está literalmente engarrafada, do rio até a PUC.
Vejam a Avenida Assis Brasil, outra artéria fundamental: está literalmente engarrafada. O mesmo com a Protásio Alves e seu trânsito irritantemente lento, nervoso, estressante, a exemplo de tantos outros pontos da cidade que deveriam ter fluxo normal e fluídico, mas que teimam em todos os dias e em todas as horas em engarrafar.
É muito triste e dramático ver uma cidade sem metrô. Houvesse transporte coletivo de massa e engarrafasse o que tivesse de engarrafar, mas cada um teria seu lugar no metrô e quem tivesse tempo para se deter no engarrafamento que se detivesse.
Assim como está não tem saída. Se você decide deixar seu carro em casa e embarcar num ônibus, este terá de se submeter ao mesmo engarrafamento dos carros, aquela procissão extenuante de veículos que se verificou ontem mais ainda, mas se verifica agora todos os dias em todos os cantos da cidade.
Não há saída. É o caos do trânsito.
Por dois meses, a cidade ainda respirou um trânsito civilizado, enquanto grande parte dos carros foi para o Litoral.
Mas já agora se verifica em Porto Alegre um engarrafamento colossal.
É uma falta de planejamento total. Cada vez se despejam mais carros no trânsito e este cada vez tem menos condições de suportá-los.
A gente fica olhando para as filas do lado, e em todos os semblantes se notam fisionomias contrariadas, nenhum sorriso. E anda quatro metros e para, gastando mais que o dobro de combustível das condições normais de fluidez.
Uma tragédia.
Alguma medida de profundidade – ou de gravidade – terá de ser imediatamente tomada.
Morreu Salim Nigri, seu coração explodiu de tanto amor que nele já não cabia mais pelo Grêmio.
Não havia ninguém mais gremista do que ele. Sua vida inteira, nas 24 horas inteiras do dia, era consumida pela sua fidelidade ao Grêmio.
O Salim era uma dessas pessoas que vão fazer falta na cidade. São esses seres obstinados por uma causa superior, incendiados por uma paixão que importa unicamente em suas vidas.
Como se haverá o Grêmio sem o Salim? Ele foi velado como queria, no Olímpico, enrolado na bandeira do Grêmio.
A rivalidade Gre-Nal, esta força centrípeta que nos anima, não será mais a mesma depois da morte do Salim Nigri.
E agora, sem os telefonemas do Salim para os jornalistas? E agora, sem o seu interesse permanente pelo destino imediato do Grêmio com relação ao Internacional.
Viver sem o Salim é muito mais triste.
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