Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
04 de novembro de 2009 | N° 16145
DAVID COIMBRA
O sumiço das abelhas
As abelhas estão em extinção, sabia? Li isso dia desses. A coisa começou pelos Estados Unidos, que é por onde tudo começa, de bom e de ruim. As abelhas americanas estão desaparecendo aos bilhões, deixando as colmeias vazias e intactas.
Fica o mel, ficam os favos, mas das abelhas ninguém sabe o paradeiro. Simplesmente somem, não há sinal dos corpos, não há cadáveres, não há pistas nem suspeitos, nada. Um mistério. É grave. Sabe por quê? Pelo seguinte:
Você sabe o que acaba, se as abelhas acabarem?
As flores.
É que as abelhas são as principais responsáveis pela polinização, e a polinização é a forma como as plantas fazem sexo. O sexo entre as plantas ocorre assim (tire as crianças da sala): observe, por exemplo, uma samambaia. Ela não se mexe muito. Na verdade, não se mexe nada. Como, então, a samambaia copula com o samambaio? Aí é que está. Ela precisa de ajuda externa. É onde entram o vento e a abelha, principalmente a abelha.
A abelha voa até uma flor para colher o néctar com o qual produzirá mel. Ela precisa passar em muitas flores para fazer um pouquinho de mel. Muitas mesmo: em um único dia, a abelha pousa em 40 mil flores, um trabalhão. Em meio a toda essa atividade, o pólen gruda-se em seus pezinhos de abelha.
Desta forma, ela leva pólen do órgão masculino de uma flor para o órgão feminino de outra flor, o que vai gerar filhinhos de flores, porque o pólen é uma espécie de espermatozoide de flor.
Agora você já sabe que, quando vir uma abelha saindo de uma flor e pousando em outra, o que estará vendo é pura sacanagem vegetal. São plantas transando enlouquecidamente, chegando ao clímax, tendo convulsões de prazer.
Portanto, o fim das abelhas significará o fim do sexo entre as plantas, coitadas. Sem sexo, as plantas não poderão mais se reproduzir. Desaparecerão. E, desaparecendo as plantas do planeta, os animais não terão mais capim e milho e palmito com que se alimentar, e morrerão à míngua.
Morrendo os animais, morrem também os seres humanos, porque os seres humanos não terão vacas, galinhas ou porcos em suas granjas, e sem vacas, galinhas e porcos nas granjas não haverá milk-shake, ovos em neve, quindim ou xis-bacon.
Com a extinção da Humanidade, você sabe o que vai acabar: esse maldito campeonato de pontos corridos que só o São Paulo ganha. Será um alívio, não aguento mais ver o São Paulo ganhar campeonato. Mas, por outro lado, não teremos mais a Scarlett Johansson. Será duro viver num mundo sem a Scarlett Johansson.
Livros renovados na Feira
O primeiro livro que escrevi, 800 Noites de Junho, o escrevi em uma máquina Olivetti Lettera 35 que ganhei da minha mãe. A máquina estava com a fita estragada, tinha que enrolá-la com o dedo quando chegava ao fim. Fiz as entrevistas, as pesquisas e o texto, tudo em 40 dias, trabalhando o dia inteiro.
Só fazia isso, de manhã, de tarde, de noite. Havia pedido demissão do jornal em que trabalhava para produzir o livro. Escrevia e tomava leite condensado, escrevia e tomava leite condensado. Trinta páginas e duas latas por dia. Engordei cinco quilos.
O segundo livro que escrevi o fiz contratado pela editora. Foi A História dos Grenais. Ganhava R$ 300 por mês pelo trabalho. Descobri que um homem pode viver com R$ 300 por mês. Mal, mas pode.
Meu amigo Jorge Barnabé, vendo-me dedilhar naquela máquina de escrever de ferro e plástico duro, emprestou-me algum para comprar um computador usado. Fez isso sem que eu pedisse, sem esperar devolução. Depois de certo tempo, na verdade muito tempo, devolvi, é bom que meus detratores saibam.
Este livro, A História dos Grenais, a primeira versão tem a coautoria do jornalista Nico Noronha. Mais tarde, o Mário Marcos de Souza escreveu sobre os 10 anos que se passaram de 1994 a 2004. Agora, no centenário do Gre-Nal, o Carlos André Moreira se juntou a nós e completou a história. Repassei o texto, acrescentei uns dados. O Fraga fez a bela ilustração da capa.
A L&PM deu um lustro no nosso trabalho e o resultado foi um livrão, um clássico, que lançaremos nesta sexta, na Feira. Lanço, também, outro livro que na verdade são dois: a L&PM está publicando em pocket A Cantada Infalível e A Mulher do Centroavante, que ganhou o açorianos em 2001. O lançamento será a partir das 19h30min, com sol ou com chuva. Esperamos vocês lá.
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