Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 8 de abril de 2009
08 de abril de 2009
N° 15932 - PAULO SANT’ANA
Nossa maior vergonha!
Horripilante o cálculo feito pelos jornais da RBS: um paciente de Viamão que pretenda consultar um ortopedista por intermédio da central de marcação de consultas de Porto Alegre será atendido no próximo século.
Se a fila das consultas seguir a ordem, afirmou o Diário Gaúcho, com a quantidade de vagas liberadas por ano, o paciente levaria 125 anos para ser atendido.
Até a semana passada, 1.875 pessoas aguardavam na fila por um ortopedista. E apenas 15 consultas são liberadas por ano.
A costureira aposentada Elza Brendler entrou anteontem na fila da ortopedia. Se permanecer este estado caótico da espera, ela só poderá ser atendida no ano de 2134. Isto é um escárnio.
Se esse estado de coisas fosse recente, não seria assustador. Mas há anos esta coluna se bate contra a revoltante e fatal espera dos pacientes por consultas pelo SUS.
O resultado desse descaso brutal com a saúde dos gaúchos é que só em ortopedia, uma apenas das especialidades em que há o gargalo sinistro das consultas, são milhares as pessoas que esperam por consultas, enquanto vão doendo os pés e os braços das pessoas, algumas ficam impossibilitadas de permanecer de pé, outras perdem a mobilidade com os braços, quedam-se nos leitos de suas casas, abandonadas miseravelmente pela assistência de saúde.
A fila da cirurgia é ainda mais dramática. Porque já há o diagnóstico, os pacientes já passaram por consulta e por exames, só terão solucionados seus problemas de saúde por intervenção cirúrgica.
Mas vão apodrecendo na fila de espera, anos a fio.
É um retorno à barbárie. Não tem explicação que as autoridades das três esferas, federal, estadual e municipal, que empalmam as decisões sobre tratamento de saúde, não tomem providências para erguerem um mutirão que extinga essa fila lúgubre, escura e acusadora das consultas e das cirurgias entre nós.
Só eu conheço duas empregadas domésticas que estão na fila de cirurgia, com seus joelhos arrebentados, pobres-coitadas que se arrastam a pé e pelos ônibus, mancando, claudicando, quase caindo, para trabalharem, quando não ficam impossibilitadas para o serviço, deixando de comparecer ao trabalho e assim dependendo da indulgência de seus patrões.
São multidões de zumbis, de aleijados, no rumo da mutilação, com suas vidas destruídas.
Não tem explicação que as autoridades finjam desconhecer essas aviltantes filas, escondendo debaixo do tapete social essa legião de esconjurados.
Quinze consultas por ano em ortopedia para Viamão! O mesmo número em outras especialidades, como oftalmologia e urologia, para várias outras cidades.
Isso é a anticivilização. Alguma autoridade vai ter de se referir a isso, desmanchando o silêncio fatídico sobre esse holocausto.
Alguém vai ter de assumir esse caos humano. Ninguém pode recusar assim a autoria sobre as mortes.
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