sexta-feira, 17 de abril de 2009



17 de abril de 2009
N° 15942 - PAULO SANT’ANA


Agora tem confissão

Quero compartilhar com meus leitores a minha imensa alegria ao ver estampada no jornal O Globo de ontem a seguinte manchete: “Governo avalia baratear diesel e depois gasolina”.

Por quantos dias consecutivos, como um Dom Quixote, esta coluna se bateu pela redução dos preços dos combustíveis!

Por quantos dias suportei o recebimento de inúmeros e-mails, sei lá de onde partidos, criticando minha posição de defesa dos consumidores e da economia brasileira ao classificar de espoliativos os preços cobrados pela Petrobras da sociedade brasileira!

Pois agora, na confissão de que os preços são exagerados, vem a notícia redentora, exposta nos jornais: “Ciente de que o preço do diesel está elevado, com impactos sobre o frete e os custos do setor produtivo, o governo formou uma comissão de técnicos da Petrobras e dos ministérios da Fazenda e Minas e Energia para avaliar uma redução dos valores do diesel e da gasolina”.

Com que alegria e com que orgulho esta coluna recebe esta notícia. Não sei como pude ter a felicidade de perceber que os consumidores brasileiros estavam sendo vítimas de uma espoliação nos preços dos combustíveis.

O que mais me alarmou é que o diesel está custando cerca de 45% mais no Brasil que nos EUA.

Notem bem, são 45% a mais que pagamos do que os norte-americanos, em dólar. E pagamos mais que os norte-americanos, em dólar, 57% na gasolina.

Aí é preciso alertar os leitores para o seguinte fato: o salário mínimo nos EUA é cerca de 10 vezes maior que o nosso salário mínimo.

O que quer dizer que os preços dos combustíveis para nós são pesadíssimos, insuportáveis, se estes preços que cobramos aqui no Brasil fossem cobrados nos EUA, viria abaixo a economia norte-americana e lá se instalaria um caos econômico-financeiro maior que o da atual crise mundial.

São indefensáveis os preços que a Petrobras está cobrando dos brasileiros.

E o presidente da Petrobras veio com a conversa fiada de que a gasolina custa mais barato que a água engarrafada. Conversa fiada, escondendo que mil litros de água do Dmae, portanto um metro cúbico, custam menos de R$ 3, enquanto que mil litros de gasolina saída da refinaria custam mais de R$ 1 mil.

Outra conversa fiada, pura conversa fiada, é de que a Petrobras tem de manter estes preços altos de agora nos combustíveis para se ressarcir do tempo em que o barril de petróleo andou custando até US$ 140 e ela não corrigiu os preços aqui no Brasil.

Conversa fiada, quando o barril petróleo custava até US$ 140 (agora está custando menos de US$ 50), a Petrobras não comprou nenhum barril de petróleo àquele preço, pelo simples fato de que o Brasil não importa petróleo.

Então não há justificativa para essa exploração do consumidor brasileiro. O que a Petrobras tem de fazer é cobrar preços justos pelos combustíveis. E repassar para os brasileiros os benefícios do Brasil ser autossuficiente em petróleo. E não castigar os brasileiros em plenos festejos dessa autossuficiência.

Folgo em saber que o governo reconhece que está cobrando demais pelos combustíveis.

E que vai baixar os preços. Tem de baixar. De qualquer forma, gostaria agora de saber onde estão os que me xingaram por e-mails por ter dado este flagrante de apropriação indébita na Petrobras.

Esta coluna foi sozinha no Brasil a perceber que a Petrobras estava se locupletando à custa dos consumidores e da retração da atividade econômica nacional.

Isso me orgulha muito. E me dá cada vez mais crédito perante meus leitores.

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