sexta-feira, 24 de abril de 2009



24 de abril de 2009
N° 15949 - PAULO SANT’ANA


Benditos frutos

Pensei muito antes de oferecer aos meus leitores minha conclusão sobre o caso de filhos do presidente do Paraguai gerados, espuriamente, enquanto ele vestia o manto episcopal.

As mães foram amantes de Lugo antes do seu desligamento do vínculo canônico, ou seja, antes de ele abandonar a Igreja.

E o interessante é que, enquanto Fernando Lugo foi bispo, nenhuma das suas amantes denunciou-o pelas práticas profanas.

Só foram denunciá-lo depois que ele envergou a faixa presidencial.

Em suma, essas três mulheres que têm filhos com Lugo, mais outras três que ameaçam botar a boca no trombone, enfim, dezenas que ainda podem vir a denunciar o presidente por sua prolífica concupiscência enquanto clérigo, indubitavelmente comungaram voto de silêncio sobre a trama lúbrica.

Mal o bispo se tornou presidente, passaram a assanhar-se para apontá-lo como pai de seus filhos.

Antes, elas se envergonhavam de ter tido conúbio com um bispo – o que diriam seus parentes e conhecidos?

Agora que Fernando Lugo foi sagrado presidente da República, passaram a se orgulhar de terem se abrigado sob sua batina.

Hipócritas, cevaram em sigilo o corpo do bispo ardiloso durante todo o seu mandato clerical.

Saíram correndo no rumo dos holofotes da imprensa logo que o bispo se livrou das ordens sacras e se tornou o primeiro mandatário nacional.

Aproveitadoras. Pode até ter-lhes passado pela cabeça o sonho delirante de reviverem a paixão proibida e virem a se tornar primeira-dama.

Última dama escondida enquanto se refestelavam na escuridão da Cúria, primeira-dama ostensiva, declarada e presunçosa no palácio presidencial.

Mas se o ex-bispo era assim tão envolvente e sedutor, como elas só agora ousam confessar, na presidência da República terá muito mais condições de dar vazão às suas afrodisíacas pretensões.

Se o presidente do Paraguai se inspirar nas farras mordômicas a que julgam ter direito determinados estamentos públicos, há de dar um jeito para que o erário federal pague as dezenas de pensões alimentícias que seu destemperado furor lascivo tenha acarretado.

Na verdade, a proibição sacerdotal, a julgar pelos bilhões de dólares que a Igreja Católica pagou de indenização no mundo pelos excessos de pedofilia de muitos de seus membros, encerra apenas um vedação matrimonial, o exercício sexual fica veladamente liberado.

Porque é muito mais fácil proibir o vínculo matrimonial aos sacerdotes quanto é quase impossível proibir a demência erótica.

Quando o bispo Fernando Lugo iniciava seu sermões com a expressão “meus filhos”, como Galvão Bueno saúda no seu “bem, amigos”, pensava-se que se tratava de uma força de expressão.

Nada disso, a saudação era, vê-se agora, dirigida a um público bem definido e certo, os frutos múltiplos de suas aventurescas estripulias sensuais.

Um comentário:

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