terça-feira, 28 de abril de 2009



28 de abril de 2009
N° 15953 - MOACYR SCLIAR


O sonho e a vacina

Épossível que o sucesso de Susan Boyle, a cantora escocesa que estreou espetacularmente num programa de calouros, seja resultado de um bem planejado esquema publicitário.

Isto não impediu que sua trajetória tenha se transformado num moderno conto de fadas, tipo sapo que vira príncipe ao ser beijado pela princesa.

A comparação, aliás, infelizmente é adequada, porque a Susan Boyle é bem feiinha, e isto, num mundo que cultua a beleza, é um handicap considerável. Aos 47 anos, Susan, que vive sozinha com seu gato, nunca foi beijada por um homem, segundo declarou, sem qualquer mágoa, ao júri do programa Britain’s Got Talent.

A chance de se transformar em princesa via ósculo mágico era zero. O programa fez este papel; o vídeo foi visto mais de 100 milhões de vezes no YouTube. Por uma triste coincidência, o sucesso ocorreu logo após o falecimento de Jade Goody, a celebridade que surgiu para o público através do Big Brothe

É muito significativo o número musical que consagrou Susan Boyle. Trata-se de Eu Sonhei um Sonho, I Dreamed a Dream, daquele que é sem dúvida o melhor musical de todos os tempos, Les Misérables. Baseado no romance de Victor Hugo, Les Miz, como é conhecido, conta uma história tão épica quanto comovente, descrevendo a luta pela justiça social na França do século 19.

Aí vem outra coincidência: o título da canção lembra o notável pronunciamento do pastor negro Martin Luther King, “I have a dream”, “Eu tenho um sonho”, ponto alto em sua luta pela igualdade racial, brutalmente interrompida quando ele foi morto num atentado. O discurso é um marco na transformação política que culminaria com a eleição de Obama.

Susan Boyle é, de certa forma, um símbolo de nosso tempo. Não faltará agora príncipe que queira beijá-la.

Para a gripe suína, que surgiu no México e está preocupando as autoridades sanitárias, ainda não há vacina.

Mas para a nossa gripe comum há. O CDC, Center for Disease Control, instituição norte-americana que tem uma longa tradição na área - e que aliás está investigando o surto gripal no México – diz, taxativamente, que a vacina é a melhor maneira de se proteger pessoas contra a doença. A proteção não chega a 100%, claro, mas há um bom grau de imunidade.

Tudo isto é importante no momento em que mais uma campanha nacional de vacinação contra a gripe está se iniciando. O inverno vem aí, e o frio sempre é um risco para a saúde. Os trabalhos científicos mostram que, nesta época, triplicam - isto mesmo, triplicam – as hospitalizações por complicações da gripe.

Durante muito tempo, a vacinação contra a gripe foi um sonho da saúde pública.Um sonho que, como o de Susan Boyle, transformou-se em realidade. Vacinem-se, amigos. Não durmam no ponto.

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