terça-feira, 28 de abril de 2009



28 de abril de 2009
N° 15953 - PAULO SANT’ANA


Fim do cartel?

Há muito tempo, não acontecia o que está ocorrendo nos postos de gasolina de Porto Alegre: os preços dos combustíveis são diferentes. Aqui na Capital, estávamos acostumados a um cartel férreo, todos executavam os mesmos preços.

Não sei se por iniciativa própria ou se por alguma pressão exercida pelo Ministério Público, de algum tempo para cá vemos postos cobrando R$ 2,499 pelo litro da gasolina comum, enquanto outros fixaram o preço de R$ 2,449 por litro.

Quando foram liberados os preços dos combustíveis nos postos, há alguns anos, essa medida visava exatamente a isto: que se verificasse uma concorrência entre os postos, com diferenciação de preços de uns para outros.

Elogiavelmente, é o que acontece hoje aqui em Porto Alegre. Isso dá chance ao consumidor de verificar os preços diversos e escolher, se for da sua conveniência, o posto que cobra mais barato.

Aqui, entre a Azenha e o Menino Deus, há postos com preços diferentes, ou seja, os consumidores não precisam andar longos trajetos para comprar gasolina mais barata.

Nem são obrigados, como sempre aconteceu, a topar com todos os postos cobrando o mesmo valor. Eu, que sempre critiquei o cartel da gasolina de Porto Alegre, todos cobrando o mesmo preço pelo produto, quero elogiar esta nova conduta do comércio do setor.

Mas não é em toda parte que é pacífica a luta para manter os mesmos preços ou diferenciá-los.

Aquele mesmo posto de combustíveis de Canoas que no ano passado foi demolido a mando de outros postos, por cobrar mais barato pela gasolina, voltou a ser atacado pela máfia do cartel.

Em Canoas, o cartel partiu para a violência. E são tão visíveis as garras dos cartelistas, que cabe às autoridades a punição dos culpados.

Não é aceitável que um posto que queira cobrar mais barato continue sofrendo ataques criminosos dos seus concorrentes. Eis o relato do último ataque, acontecido na semana passada:

“Prezado Paulo Sant’Ana. Há pouco tempo, você denunciou o ataque a um posto de gasolina em Canoas, devido ao fato de este posto praticar preços cerca de 10% menores que os concorrentes.

Pois bem, essa semana, quando fui abastecer meu veículo nesse local, PASMEMMM!! , o posto foi atacado novamente porque praticava a gasolina a R$ 2,389 o litro, enquanto a maioria dos concorrentes da cidade de Canoas praticava o preço médio de R$ 2,499 por litro. Pois na semana passada, após a saída do segurança contratado pelo posto, por volta das 6h da manhã, uma moto sem placas, tripulada por dois elementos, parou no posto.

Enquanto um de arma em punho mandava que um cliente que abastecia fosse embora imediatamente, o que o cliente o fez rapidamente, o motoqueiro carona desceu da moto com uma MARRETA e destruiu uma das bombas de gasolina do posto, como ameaça para elevarem o preço do combustível de acordo com os outros postos.

Como o frentista sabe que sou policial civil, relatou-me os fatos e me disse que tentou entrar em contato com a imprensa para denunciar o fato ocorrido, porém, como o dia do atentado foi no final de semana, não conseguiram fazê-lo.

Sou policial civil e trabalho em Porto Alegre na 2ª DPPA, no Palácio da Polícia. Dá pena dos frentistas desse posto de combustível, que depois da ameaça e do atentado à bomba de combustível viu-se o proprietário obrigado a subir o preço da gasolina para R$ 2,499, conforme 99,9% dos postos de Canoas vendem a gasolina.

Espero que em seu espaço na RBS TV e na sua coluna, que é muito lida, você denuncie essa verdadeira violência para que realmente os órgãos competentes possam aprofundar investigações, localizar e punir exemplarmente a todos os envolvidos. (ass.) Wilson Luiz Nunes Pinto, investigador de Polícia”.

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