quarta-feira, 8 de abril de 2009



08 de abril de 2009
N° 15932 - DAVID COIMBRA


Manuela nua na piscina

Olha a Manuela bêbada no churrasco, anunciava o título do imeil que recebi ontem. Cogitei: tratar-se-á de Manuela D’Ávila, a deputada comunista? Esses paparazzi, sabe como eles são. Não deixam em paz as celebridades.

Fiquei com pena da Manuela. Só porque é parlamentar, e é bela, e é sorridente, está sempre sob as luzes da atenção popular. Não pode ter um momento de privacidade, beber um pouquinho a mais, e logo vem um gaiato e a fotografa e coloca as imagens na Internet.

O texto acima do anexo das fotos dizia: “Tu não vai acreditar. Recebi as fotos do churrasco na casa da Manuela. Rolou até umas fotos da dona do sítio, a Manu, banhando-se na piscina, pelada, depois de tomar tanta cerveja”.

Neste ponto, concluí que a Manu pelada e a Manu deputada não eram a mesma pessoa. Não que uma parlamentar não possa tomar banho em pelo em sua própria piscina depois de ingerir algumas cervejas. Pode. Todo mundo pode. Diria até que todo mundo deve tomar banho nu em sua piscina após a ingestão de umas e outras geladas. As pessoas que tomam banho peladas em piscinas depois de beber cervejas em churrascos sempre são pessoas divertidas, alegres, que não se levam muito a sério.

Quer dizer: são boas pessoas. Pessoas com as quais eu gostaria de conviver. Mas duvidei que Manuela D’Ávila se deixasse fotografar nessa situação. Uma deputada precisa ter um mínimo cuidado com sua imagem. Já houve até caso de um deputado ser cassado por falta de decoro porque o fotografaram de cuecas samba-canção e fraque.

Logo, era vírus. Claro que era. Passo o dia recebendo vírus. Querem que eu abra um imeil infectado para que meu computador seja invadido por vírus espiões e todos os meus segredos acabem devassados, inclusive o código da minha conta bancária, do meu cartão de crédito e todos as demais dezenas de códigos que preciso decorar.

Nunca abro esses imeils suspeitos, tenho cuidado, mas invariavelmente fico tentado. São muito criativos e sedutores. Há convites pessoais (“Convite pessoal de Rita Aurélio”), intimações da Receita Federal, do Serasa, da Polícia Federal, de oficiais de justiça, há confirmações de compra nas Lojas Americanas e outros mais pessoais, como um que veio assinado por Amandinha sob o título: “Tudo bem com você, meu amor?” E embaixo o texto: “Tô mandando anexo as nossas fotos. Baixa pro seu computador e depois apaga. Beijos. Te amo”.

Não abri. Duvido que Amandinha me mande fotos íntimas ou mesmo que me ame. Mas deu vontade. Sabia que era vírus, e mesmo assim queria ver o que aconteceria. Em vez de Amandinha em roupas sumárias surgiria um come-come na tela e meu computador seria transformado em sucata, suponho.

No entanto, poderia haver uma imagem da Amandinha, por que não? Como será que ela é? Pequena, sem dúvida. Moreninha. Serelepe. Será que não devia ter aberto?

O que me espanta é a criatividade desse pessoal das novas tecnologias, das novas linguagens. Foi gente assim que planejou o centenário do Inter. Que capacidade de comunicação com seu público demonstraram possuir os homens que comandaram a festa.

Era uma efeméride, podia ter se resumido a um evento, eles transformaram num acontecimento. Por que funcionou tão bem? Simples: porque os dirigentes do Inter delegaram a organização a profissionais. E assim o evento ultrapassou os limites vulgares do futebol, contagiou a cidade e engrandeceu o clube.

Planejamento. Organização. Iniciativa. São esses os três ingredientes que estão consolidando o Inter como um clube de ponta no Brasil. Não foi à toa que o Inter venceu os três Gre-Nais do ano.

É o produto de uma superioridade institucional. Durante 25 anos, o Inter foi menor do que o Grêmio, exatamente porque no Grêmio havia planejamento, organização e iniciativa. Agora o Inter alcançou o rival e o suplantou. Com esses três predicados, o Inter, junto com o São Paulo, já é o maior clube brasileiro da primeira década do século 21.

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