Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 2 de agosto de 2008
02 de agosto de 2008
N° 15681 - NILSON SOUZA
VIDAS ESPECIAIS
Terminei de ler Caso Perdido, um romance do jornalista e escritor Carl Hiaasen, autor de Strip-Tease, que deu origem ao filme com Demi Moore. O colega norte-americano escreve fácil, usa bem os diálogos e narra fatos de modo tão irreverente que às vezes chega a parecer meio debochado.
A gente passa voando pelas quase 400 páginas da história, uma investigação jornalístico-policial recheada de aventuras. Mas o que mais me chamou a atenção foi o ofício do personagem central - um redator de obituários.
Jack Tagger é um jornalista que foi rebaixado à condição de obituarista por ter falado mal do magnata que controla o grupo proprietário do jornal.
Ele tem algumas manias, a mais curiosa delas é questionar a idade das pessoas e compará-la com a que tinham personalidades desaparecidas. Você diz que tem 28 anos e ele lasca:
- Com essa idade morreu Jimi Hendrix!
Mas sua maior curiosidade é descobrir com quantos anos morreu seu próprio pai, que ele não chegou a conhecer, para ter certeza de que ultrapassará a barreira da herança genética. Bom, mas deixo a neurose de Jack Tagger para quem se dispuser a ler o romance de Hiaasen.
Quero aproveitar o gancho do livro para comentar essa intrigante área do jornalismo, que é a seção de obituários. Ao contrário do que ocorre no jornal da ficção, no nosso meio ninguém é rebaixado a escrever sobre este tema tão delicado. Pelo contrário, é um espaço que serve de escola para jovens repórteres.
Ao encarar o desafio de transformar em notícia interessante o passamento de pessoas comuns, eles e elas aprendem a investigar, a questionar as fontes, a produzir pequenas biografias e, o mais importante, a tratar a morte com dignidade.
- Não é difícil, as pessoas sempre têm boa vontade para passar as informações e deixar o registro de seus familiares - me garante a colega Sabrina, que tem 21 anos e escreve diariamente sobre o fim da vida.
Digo-lhe que sou seu leitor. Não por morbidez, mas porque é um dos poucos espaços do jornal onde só se encontra gente boa. Nas páginas policiais predomina o crime. Na política e na economia, não é muito diferente.
Até nas páginas esportivas a gente tem deparado com paixões exacerbadas e violência. Já a seção dos sempre-lembrados é só otimismo.
As pessoas são especiais, um deixou a imagem de melhor jogador de bocha do bairro, outra era a mais hábil doceira, aquele deixou tantos filhos e netos, que não se pode contar, o jovem que partiu subitamente tinha os pendores esportivos de um campeão. Nunca li um epitáfio desfavorável.
O obituário, na verdade, não noticia a derradeira viagem das pessoas. Informa sobre a saudade instalada no coração dos que ficam.
Um excelente sábado e um ótimo fim de semana - Agosto segue seu curso até quando setembro vier.
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