Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 6 de março de 2008
06 de março de 2008
N° 15532 - Leticia Wierzchowski
Um luxo!
Faz alguns meses que a CosacNaify reeditou O Luxo, livro autobiográfico escrito pelo estilista de moda Dener Pamplona de Abreu e lançado originalmente em 1972. Quando Dener estava no auge da sua carreira, vestindo as mulheres mais elegantes do país, eu ainda era um projeto de gente em algum desconhecido plano astral.
Mas ouvi falar muito dele, do seu absurdo talento, do comportamento dândi, do sopro de loucura e bom humor que imprimia ao sisudo cenário nacional da época. Quando eu cresci e quis fazer moda, vi alguns dos seus croquis e li um pouco sobre sua trajetória.
Mas nunca tinha lido nada escrito pela mão do próprio. Assim, a biografia que a CosacNaify relança vem como um sopro de coisa boa. E agora estou apaixonada pelo Dener.
Irreverência, frescura, elegância e carisma, isso Dener tinha de sobra. Oriundo de uma família quatrocentona do Belém do Pará, cedo veio para o Rio de Janeiro com a mãe viúva. Cedo também, começou a desenhar moda, deixando d. Eponina de cabelo em pé.
Foi descoberto aos 13 anos, e contratado pela Casa Canadá, um dos redutos da elegância naqueles anos. Lá, pasmou a todos: era capaz de desenhar mais de uma centena de croquis por hora, e tinha conhecimentos inatos de corte, modelagem e afins.
Mas Dener, que veio a inaugurar o que chamamos hoje de moda brasileira (e que faz sucesso nas passarelas do mundo todo), queria fazer um trabalho autoral. Logo, em outra maison mais moderna, começou a produzir seus glamourosos vestidos de alta-costura com materiais 100% brasileiros, criando suas próprias padronagens.
Em pouco tempo, era uma unanimidade, vestindo as mais belas e as mais elegantes, como a então primeira-dama Maria Tereza Goulart.
Mas além do talento que deixa saudades, Dener era um doido do bem, e inteligentíssimo. Tinha orgulho da sua afamada frescura, mas casou-se duas vezes e teve dois filhos.
Vestia-se como um príncipe, tinha paixão por ópera, redecorava quartos de hotel pra passar uma única noite, e colecionava histórias incríveis.
Certa vez, sua casa no Pacaembu foi invadida por ladrões, que o encontraram na cama. Dener não teve dúvida: deu uma bronca nos meliantes e mandou que o esperassem na sala, com o mordomo Pierre (uma mania dele era batizar todo mundo com nome francês).
Surgiu minutos depois, divino num robe de veludo branco e chinelas com sua inicial em brilhantes, e assim foi roubado como manda o figurino.
Um luxo, como ele costumava dizer. E que falta nos faz esse gênio autêntico no meio de tantas cópias baratas, com suas loucuras pré-fabricadas, que hoje andam por aí.
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