Uma empresa erguida com "distinção"

A morte de Adelino Colombo, aos 90 anos, entristece quem conheceu o vigor do empresário até há poucos meses, mas também marca a despedida de uma vida plena, marcada pela construção de uma grande empresa a partir do zero.

Das várias conversas com "seu" Adelino, a que mais marcou foi sobre sua história de vendedor. Quando a TV chegou à serra gaúcha, tinha de convencer os fregueses de que saíam imagens de dentro das "caixas". A solução foi demonstrar, carregando aparelhos pesadíssimos, à época, de porta em porta.

Era o início de uma empresa que hoje tem negócios diversificados e opera como um grupo. Adelino teve papel decisivo na abertura de uma dessas novas atividades, a Casa Pet. Como relatou seu neto Eduardo, no comando executivo do grupo, foi o avô que deu o pontapé inicial do negócio durante uma visita "rotineira" às lojas, em Passo Fundo, em outubro de 2019:

- Ele voltou e disse ?encontrei um ponto para a nossa primeira loja-piloto e já aluguei?. Disse para irmos atrás de tudo porque queria abrir em 30, 40 dias no máximo. A partir da visão dele, fizemos estudo de mercado, e foi incrível. O que ele identificou apenas com feeling fechou com estudos de mercado potencial.

Foi com Eduardo que, em 2009, Adelino recebeu a colunista, então repórter, para uma conversa mais longa. Contou ter escolhido o que fazer na vida ainda criança, ao ouvir comentários sobre o fato de a aparência "distinta" de um dos participantes de uma missa dominical indicar que ele fosse comerciante.

Em 2009, o "mercado" já cobrava a indicação de um sucessor, e a entrevista foi uma espécie de lançamento desse nome. A foto que ilustra esse texto é a da época porque retrata inclusive o modelo das TVs que o empresário levava até a casa dos clientes. Houve desvios no caminho, mas o plano de formar um herdeiro foi concretizado. Adelino pode ir em paz. Pelas restrições da covid, só familiares podem participar da despedida.

MARTA SFREDO

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