O Comunismo Chinês e as democracias do mundo
Chinobyl - Uma jornada pelas entranhas da ditadura comunista (Avis Rara-Faro Editorial, 352 págs., R$ 64,90), do consagrado jornalista e professor Rafael Fontana, em síntese, revela a atuação do centenário Partido Comunista Chinês nas democracias do mundo e coloca em relevo um dos temas mais importantes e cruciais de nossa atualidade.
Rafael Fontana é jornalista experiente em várias plataformas, e, como comentarista e apresentador, tem mais de 25 anos de carreira e atuou em grandes veículos como a Folha de São Paulo, AOL Time Warner e Weber Shandwick e China Media Group. Paulista, morou em 10 cidades brasileiras e andou pelo mundo, até fixar-se na China de 2015 a 2018. Ele foi professor da Universidade de Hebel, província próxima a Pequim e de volta ao Brasil foi contratado pela gigante chinesa do 5G Huawei, o que completou seu pacote de dados sobre a ação do PCCh no mundo.
A investigação de Rafael cai como uma bomba e como um alerta para todos os países - especialmente o Brasil - sobre questões de segurança e os mecanismos que a ditadura desenvolveu para minar democracias, controlar informações e expandir seu projeto totalitário para além de suas fronteiras.
A narrativa de Rafael parece um thriller de espionagem cheio de corrupção, intrigas, falsidade ideológica, roubo de propriedade intelectual e controle de comunicações. Chinobyl é a versão chinesa do famoso desastre russo, Chernobyl, uma bomba prestes a explodir, mas de consequências muito mais desastrosas.
Com relatos contundentes de seus tempos de funcionário do PCCh - Partido Comunista Chinês e com base nas vivências em quatro anos na China, Fontana conta algumas histórias divertidas e outras muito tensas e mostra como o partido controla muito mais do que apenas a vida de seus cidadãos. Segundo Rafael, "enquanto o Partido Comunista Chinês subsistir, o mundo não terá paz".
Certamente, a obra vai gerar muitas polêmicas, mas não pode e não deve passar em branco.
História da vacina Oxford/Astrazeneca no Brasil
Em meio a muitas indagações sobre o Covid-19, sobre vacinas, tratamentos e outros aspectos científicos, políticos, econômicos e sanitários que envolvem a pandemia, vem em boa hora o livro História de uma vacina - O relato da cientista brasileira que liderou os testes da vacina Oxford/Astrazeneca no Brasil (Editora Intrínseca, 208 págs., R$ 49,90 impresso e R$ 24,90 e-book), de Sue Ann Costa Clemens, pediatra, professora, pesquisadora, especialista em vacinas e Chefe do comitê científico da Fundação Bill e Melinda Gates. Sue é docente de Oxford, do Instituto Carlos Chagas e criadora do primeiro mestrado em vacinologia do mundo, na universidade de Siena. Ela está há duas décadas na indústria farmacêutica e contribuiu diretamente com o desenvolvimento de vacinas cruciais como a do rotavírus, do HPV e vacinas contra a Covid-19 m entre elas as dos laboratórios AstraZeneca, Clover, CureVac e Moderna.
Todos estamos atualmente ainda muito assustados e em busca de informações mais precisas e tranquilizadoras sobre Covid-19, numa realidade em que nas mídias muitos falam de tudo, toda hora, com ou sem embasamento, nos deixando preocupados, perplexos e temerosos.
Sue conta, desde o primeiro telefonema que recebeu, como levantou o financiamento, montou as equipes técnicas e organizou os cinco centros por onde passaram mais de 10 mil voluntários dos testes das vacinas Oxford/AstraZeneca no Brasil. São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Natal, Porto Alegre e Santa Maria foram os locais das testagens do imunizante, colocando o Brasil como peça fundamental para a comprovação da eficácia da vacina. Por seu trabalho, Sue recebeu da Rainha Elizabeth II a condecoração Ordem do Império Britânico, no grau Comandante.
Um ano e cinco meses depois da primeira dose aplicada de forma experimental, Sue narra, sem se prender aos jargões da área, sobre a desafiadora experiência de correr contra o tempo para aprovar o uso do imunizante e releva os bastidores da jornada. Ela fala dos aspectos científicos da pesquisa e dos desafios de realizar em tempo recorde um estudo clínico dessa dimensão, sob o escrutínio da mídia, dos governos e da opinião pública. Dificuldades técnicas, falta de vacinas, entraves burocráticos e políticos dividem as páginas com as vitórias da pesquisa e a superação diária de um time de profissionais formado sobretudo por mulheres. Quatro centros de testagem tinham lideranças femininas.
Em síntese, a obra trata da conexão Oxford-Brasil, de vivências que se alinham, do sinal verde para a testagem brasileira, dos marcos que abriram caminho, da anatomia de um centro de testagem, do apoio privado na pesquisa, da comprovação da eficácia, do papel crucial das mulheres, da batalha até a chegada das vacinas, da vitória da vacinação em curso e no final, no posfácio, o livro trata da inovação científica à produção em larga escala, questionando se estamos prontos para isso.
a propósito...
Peter Wilson, Embaixador do Reino Unido no Brasil, escreveu na apresentação: "Mais de um bilhão de doses da vacina Oxford/AstraZeneca já foram distribuídos globalmente, salvando muitos milhares de vidas. Sem o trabalho de Sue Ann Costa Clemens e seus times no Brasil, isso teria acontecido de maneira mais lenta e menos efetiva e todos nós saberíamos muito menos como fazer nossa vacina funcionar para tantas diferentes comunidades. Se você quer saber por que a ciência é importante, por que é importante ter mais mulheres na ciência e como alguém como Sue Ann foi capaz de fazer tanta diferença, este é o livro certo. Espero que ele inspire você e inspire suas filhas tanto quanto inspirou a mim e à minha filha".
lançamentos
- Zeca, o fotógrafo - José Gerbase Filho (Libretos, 80 págs., R$ 42,00), com organização de Francisco Gerbase e apresentação de Carlos Gerbase, apresenta 60 fotos em cores e em preto e branco de Zeca, engenheiro mecânico e professor da Ufrgs, retratando sensivelmente aves, natureza, São José dos Ausentes, Santa Catarina e Porto Alegre.
- Ser estoico: Eterno aprendiz - Práticas e ensinamentos (Somos Editora, 368 págs., R$ 89,90), do pesquisador Ward Farnsworth, traz a duradoura sabedoria dos grandes pensadores estoicos, em suas próprias palavras. Vida, morte, adversidades, virtudes e conquista da felicidade estão nas doze lições do livro, que vai direto ao coração da filosofia estoica.
- Os carregadores de água (Estação Liberdade, 256 págs., R$ 59,00), romance de Atiq Rahimi, escritor e cineasta afegão de Cabul, parte da destruição de duas estátuas dos Budas, no Afeganistão, e conta sobre Tamim, que se torna Tom e vai para Paris, depois de abandonar a família e Yûsef, que fica em Cabul, carregando água e vivendo as misérias do país e a crueldade dos soldados talibãs.
Nenhum comentário:
Postar um comentário