13 DE OUTUBRO DE 2021
OPINIÃO DA RBS
A recuperação da indústria
Um dos principais freios a uma expansão mais rápida da indústria foi a quebra de cadeias de fornecimento de insumos durante a pandemia, um problema global que ainda não foi totalmente equacionado. Frente a esse cenário de dificuldade de obter matérias-primas e outros itens essenciais à produção, surge uma boa nova vinda das fábricas gaúchas. Conforme a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), o indicador de compras relativo a agosto subiu 13% ante julho, um movimento creditado em boa parte à maior oferta desses materiais básicos, componentes e peças, o que permitiu a recomposição de estoques.
Desde a irrupção da crise sanitária, o consumo se deslocou de uma forma abrupta dos serviços, que enfrentavam restrições de funcionamento, para bens. Mas a demanda aquecida, o que se observa até agora, tropeçou exatamente na escassez de insumos. Mais cedo ou mais tarde, é uma disponibilidade que tende a se ajustar, permitindo à indústria de transformação retomar um ritmo condizente com a carteira de pedidos. Muitos setores, como os de veículos e máquinas agrícolas, não vendem mais hoje por simplesmente não terem partes essenciais. É o caso de chips para os fabricantes de automóveis. Há aí ao menos o bom sinal de que, quando as cadeias de fornecimento se recuperarem e dificuldades logísticas forem superadas, existirá espaço para aumentar a produção e fazer girar as engrenagens da economia, gerando emprego e renda. É algo essencial em um momento de desocupação alta no Brasil e inflação elevada.
Desde o alvorecer da última década, a indústria foi o setor mais afetado, primeiro pela desaceleração da atividade no país e depois pela recessão de 2015 e 2016. A recuperação nos anos posteriores seguiu trôpega, mas agora parece haver um novo fôlego. De acordo com o Índice de Desempenho Industrial (IDI- RS), calculado pela Fiergs, o setor no Estado está em um nível 7,7% superior ao do período pré-pandemia e, no ano, a alta é de 16,8%. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra um quadro semelhante. Conforme o órgão, no acumulado do ano a indústria gaúcha avança 15%, bem acima da média nacional (9,2%). É ainda o sexto melhor desempenho entre as 15 regiões pesquisadas.
Em reportagem de Anderson Aires publicada ontem em Zero Hora, o economista-chefe da Fiergs, André Nunes de Nunes, disse vislumbrar perspectivas positivas para o setor pelo menos nos próximos seis meses. Espera-se que uma retomada mais consistente dos serviços, com progresso da vacinação contra a covid-19, dê um impulso mais consistente à economia, espalhando efeitos benéficos para outros setores, como a própria indústria. Seria o esperado para compensar ao menos em parte sinais que turvam o horizonte, como a alta dos juros e dos preços, o mercado de trabalho ainda fraco, as incertezas fiscais, as turbulências políticas e institucionais e o nervosismo próprio de um ano eleitoral que se avizinha.
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