domingo, 1 de novembro de 2020


31 DE OUTUBRO DE 2020
OPINIÃO DA RBS

A MELHOR FEIRA POSSÍVEL

Um dos símbolos da Capital e do Estado, a Feira do Livro de Porto Alegre, em sua 66ª edição, será realizada da melhor forma possível. E o possível neste 2020 de angústias para o evento que começou na sexta-feira e vai até o dia 15 de novembro é o formato virtual, com a venda de obras e programação por meio de plataformas virtuais. Não haverá neste ano pela primeira vez a sensação prazerosa de circular pelo burburinho da Praça da Alfândega em meio aos estandes, tocar, folhear e cheirar os livros, descobrir raridades e encontrar novidades. Tampouco aproveitar o contato direto com escritores, leitores, editores e livreiros. Mas, a despeito das limitações impostas pela pandemia, deve ser celebrado fato de, com o esforço da Câmara Rio-Grandense do Livro (CRL), entidade promotora, a feira permanecer ininterrupta e, mesmo com as modificações na forma, conseguir preservar grande parte de sua essência.

A venda online de livros já era uma tendência antes mesmo da chegada do novo coronavírus e, claro, acelerou-se com o isolamento social. Não estará neste formato de comercialização, portanto, qualquer contratempo para vendedores e compradores. Uma boa notícia é que os livreiros que estarão vinculados à feira prometem desconto de no mínimo 10% nas obras, recuperando ao menos uma parcela do sentimento do evento físico de vasculhar e encontrar uma promoção para adquirir o livro desejado.

Palestras, oficinas e bate-papos com autores e convidados da organização, da mesma forma, acontecerão de forma virtual. Nada muito diferente de outros eventos em todo o mundo, que precisaram ser revistos e acabaram saindo em formato online. É a maneira viável de, a distância mas no conforto do lar, o público leitor aproveitar a vasta programação que será transmitida pelo site da feira, pelo canal no YouTube e pelas redes sociais. Até a interação foi prevista, por meio de aplicativos de mensagem.

Os desafios encontrados pela Feira do Livro de Porto Alegre são os mesmos que foram enfrentados e suplantados por outros eventos que são símbolos do Rio Grande do Sul e se tornaram tradicionais no calendário. Apesar das dificuldades, não deixaram de acontecer. No agronegócio, a Expointer não passou em branco, com negócios facilitados por plataformas digitais. Provas, avaliações e julgamentos, realizados no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, foram transmitidos para o público interessado. Outro exemplo é o Fronteiras do Pensamento, com uma programação que vai até dezembro e segue atraindo a atenção para as suas discussões centradas nos dilemas da atualidade e perspectivas para o futuro.

Alterados na forma, conseguiram conservar, uns mais, outros menos, os seus significados, espíritos e os objetivos pelas quais um dia foram criados. Assim será com a Feira do Livro, com o seu inestimável papel de incentivo à leitura. É dispensável admitir que perde um pouco de seu charme sem o ambiente da Praça da Alfândega. Mas um novo capítulo dessa história em breve será escrito. Ficam marcados para a primavera de 2021, à sombra dos jacarandás floridos, todos os encontros agora adiados.

 

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