domingo, 1 de novembro de 2020


24 DE OUTUBRO DE 2020
ESPIRITUALIDADE

PAN 

A palavra Pan, em grego, quer dizer tudo. Dela surge o panteísmo, uma filosofia que se torna crença religiosa para alguns. Teísmo vem de Theos, que significa Deus. Para o pPanteísmo, tudo e todos compõem um Deus abrangente e imanente.

Houve um filósofo racionalista, filho de judeus portugueses que fugiram da Inquisição para a Holanda, Espinosa (1632-1677), que escreveu sobre a unidade de todas as coisas, o monismo, defendendo que Deus é substância única e que nada existe fora de Deus.

Monos dá origem à palavra monge ou monja, que significa único ou só.

A leitura do primeiro caractere do meu nome, em japonês, é Co. Esse caractere significa órfão, único, só, monos.

Tudo é um, também escreveu outro filósofo, Nietzsche (1844-1900), que acreditava no não crer nos valores das crenças da época. Segundo ele, o ser humano pode ser livre através da transmutação dos valores tradicionais, criando novos valores. "Não há fatos eternos e não há verdades absolutas.".

No Zen Budismo, uma das vertentes da tradição Mahaiana (Grande Veículo), falamos de "não dois". Alguns autores consideram esse não dois como uma forma de monismo, de tudo ser um, ou de haver a crença de que a Natureza Buda se compararia ao conceito do Deus que é o todo em tudo.

Não dois se refere à nossa capacidade de transcender as dualidades e perceber que se completam: luz e sombra, noite e dia, por exemplo.

Os textos da Sabedoria Completa, deixados por Xaquiamuni Buda (600 anos antes de Jesus), insistem em negar qualquer identidade existencial. Se nada possui uma identidade substancial fixa, permanente e independente, tudo está interligado, mas em constante movimento e transformação. Esse movimento segue a lei da Causalidade, ou seja, causas e condições geram efeitos. O efeito pode ser causa ou condição de outro efeito, formando uma trama de interpenetrações e interrelacionamentos em constante mutação. O que fazemos, falamos e pensamos mexe na trama da vida e acaba retornando a nós mesmos. Imediata ou posteriormente.

Quem compreende isso percebe que estamos intersendo com tudo que foi é e será, logo cuidamos com respeito e dignidade. Não abusamos de nada ou ninguém, respeitamos as sociedades nas quais estamos inseridos, seus valores temporais e procuramos criar harmonia nos relacionamentos.

Mas a impermanência ser permanente não é desculpa para criarmos sofrimentos, desavenças, rancores, tristezas para que possamos ter um prazer temporário e fugaz. Reflitam.

Hoje, a palavra Pan tem sido usada para identificar pessoas que amam tudo e todos: árvores, insetos, animais, seres humanos. Alguns declaram que sendo Pan não podem se fixar em um único relacionamento, pois seu amor e atração por todas as formas de vida (e talvez de morte também) não pode ser cerceado. Assim, se você espera ter um relacionamento com uma pessoa que se declara Pan, lembre-se: não haverá voto de fidelidade nem de continuidade.

Budismo não é panteísta nem monista. Budismo se baseia em sunyata, no vazio dos cinco agregados, em nada fixo ou permanente.

Budistas fazem alguns votos, entre eles o de manter relações sexuais corretas - isso significa seguir os acordos legais de um país, os valores culturais e éticos de uma sociedade, os acordos feitos entre casais, comunidades, mantendo sempre o compromisso de nunca fazer o mal, não provocar desagravos e tristezas, sempre fazer o bem a todos os seres.

Mãos em prece

MONJA COEN

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