terça-feira, 3 de novembro de 2020


03 DE NOVEMBRO DE 2020
NILSON SOUZA

Trump no lixo

A história da raça humana é repleta de simbologias. Na última sexta-feira, o museu Madame Tussauds de Berlim colocou a estátua de cera do presidente Donald Trump numa caçamba de lixo com sacos plásticos e cartazes com tuítes, entre os quais o célebre bordão utilizado pelo republicano quando era animador de tevê: "Você está demitido!".

Está?

Saberemos em breve, tão logo o resultado da complexa eleição presidencial desta terça-feira seja decifrado, se é que a disputa não acabará na Suprema Corte norte-americana. A humanidade acompanha com apreensão essa luta pelo poder na nação mais influente do planeta exatamente por causa do chamado efeito borboleta: o bater de asas por lá sempre provoca tufões em outras partes do mundo.

Fanfarrão, provocador e politicamente incorreto em relação a vários avanços civilizatórios, Trump conclui o seu (primeiro?) mandato sem ter causado a temida catástrofe planetária. Mas nunca deixou de ser considerado uma ameaça à paz, embora tenha se revelado mais bravateiro do que truculento, como se viu naquele desconcertante jogo de morde e assopra com o ditador da Coreia do Norte.

No seu magnífico livro A História da Raça Humana Através da Biografia, o britânico Henry Thomas divide os grandes líderes mundiais em duas categorias: os que procuram melhorar a civilização e os que a retardam. No primeiro grupo estão os pacifistas. No segundo, os provocadores de guerras. Se continuasse a sua obra escrita em 1935, ainda com Mussolini e Hitler no poder e na antevéspera da Segunda Guerra, Thomas certamente teria que encontrar uma classificação menos simplista para esse Trump grosseirão e controverso, colocado simbolicamente no lixo da História pela filial alemã do maior museu de cera do mundo.

O Trump de carne e osso, no entanto, talvez seja bem mais difícil de remover. Além de ter defensores apaixonados, ele já avisou que não aceitará uma derrota eleitoral sem espernear e até deu um jeito de garantir maioria conservadora no tribunal que poderá dar a decisão final sobre o caso. Os mais pessimistas veem essa atitude como uma clara ameaça à democracia.

Tomara que seja apenas mais uma bravata de seu repertório.

NILSON SOUZA

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