sábado, 22 de julho de 2023


22 DE JULHO DE 2023
CENTRO HISTÓRICO

Descartada a implosão do Esqueletão

Após três meses, a empresa STE apresentou à prefeitura de Porto Alegre o relatório final relativo à demolição do Esqueletão. O documento tem mais de 500 páginas e traça os cenários possíveis para desmonte da estrutura localizada no Centro Histórico.

A Secretaria de Planejamento e Assuntos Estratégicos (Smpae) não antecipa quais propostas de demolição do imóvel de 19 andares foram sugeridas pela empresa. Mas a reportagem descobriu que a implosão foi totalmente descartada. Havia risco de que o uso de dinamites pudesse impactar prédios vizinhos.

O estudo traz informações sobre o impacto de cada uma das alternativas sugeridas, o prazo de demolição para todas elas, a possibilidade de reutilização do material demolido e um plano de descarte dos materiais.

Técnicos da secretaria já deram início à análise do material. A prefeitura pretende anunciar em agosto qual proposta será adotada. Concluída essa etapa, uma nova contratação será realizada para definir quem irá fazer a demolição.

- Não se trata de uma área isolada, longe de outras edificações. O Esqueletão está encravado em meio a outros prédios. O modelo a ser escolhido precisa garantir a segurança dos trabalhadores envolvidos na demolição, da comunidade do bairro e daqueles que transitam no entorno - destaca o titular da Smpae, Cezar Schirmer.

Custo

Uma avaliação prévia apontou que a demolição irá custar aproximadamente R$ 3 milhões, quase o mesmo valor gasto pelo governo gaúcho na destruição dos escombros do prédio de 14 andares da Secretaria Estadual da Segurança.

A Justiça autorizou a demolição do imóvel em 18 de abril. Um laudo do Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais (Leme), da UFRGS, apontou que, se nada for feito, o Esqueletão vai cair.

- A demolição do Esqueletão não apenas afasta os riscos à coletividade, como viabiliza a requalificação urbana - destaca a procuradora Eleonora Serralta.

Segundo a prefeitura, os mais de 50 proprietários do prédio têm cerca de R$ 3 milhões em dívidas de IPTU. E, em setembro de 2021, a Secretaria Municipal da Fazenda (SMF) avaliou o imóvel, que tem área superior a 13 mil metros quadrados, em cerca R$ 3,4 milhões.

A estrutura está inacabada desde a década de 1950. Em 2018, um laudo preliminar da prefeitura apontou que o imóvel corria risco crítico de desabamento. Na ocasião, o Ministério Público chegou a pedir a sua demolição.

O Esqueletão também já havia sido interditado pela prefeitura em pelo menos duas ocasiões, nos anos de 1988 e 1990. Também houve uma interdição judicial em 2019. Em 2021, os últimos moradores deixaram o local.

JOCIMAR FARINA

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