Uma jornada exemplar de estudos
Aos 27 anos, Carlos Eduardo dos Santos Ramos festeja sua aprovação em Medicina na UFRGS. Apesar da alegria, conta que a ficha ainda não caiu:
- Todos os dias abro o portal do candidato para ver meus documentos homologados.
O caminho até a aprovação foi diferente dos demais colegas. Ele parou de estudar aos nove anos para trabalhar com a mãe, vendendo cafezinho no centro da Capital. Voltou aos cadernos em 2018, quando ouviu sobre um concurso da Brigada Militar. Mas descobriu que não poderia seguir a carreira por conta de uma limitação. O jovem tem visão monocular, classificada como deficiência visual por lei federal em 2021. Mesmo assim, estava decidido a se concentrar nos estudos. Enquanto trabalhava de segurança em eventos, foi conhecendo pessoas, ouvindo histórias e cogitando novas possibilidades.
- Uma noite ouvi as pessoas da festa falando sobre faculdade, estudos, conversando em inglês. Decidi que queria aquilo para mim também - conta ele, que trabalha também em uma operadora de telemarketing.
Morador do bairro Humaitá, na Capital, teve ajuda de muitas pessoas durante os estudos, como a empregadora de sua mãe, que imprimia materiais e apostilas para ele ler em casa. Criou uma rotina com exercícios e aulas online. Prestou vestibular e fez as provas do Enem. A aprovação chegou neste mês.
Não é apenas uma história de superação, mas de como o acesso à informação e à educação é desigual.
- Não sabia ler um edital ou que tinha direito às cotas. Não sabia para que servia o Sisu e o Fies - lembra.
Agora, ele espera ansioso pelo início das aulas, em outubro. Já tem planos de ser cirurgião e atender a comunidade pelo SUS. Pensa em criar projetos sociais e orientar outros jovens que também queiram um novo horizonte.
Colaborou Raissa de Ávila
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