segunda-feira, 17 de julho de 2023


17 DE JULHO DE 2023
INFORME ESPECIAL

Renda e preço da comida, a conta que não fecha A volta do Trem da Imigração

Relatório elaborado por cinco agências da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado na semana passada apontou aumento da insegurança alimentar moderada e severa no país nos últimos anos. Entre 2014 e 2016, mais de 37 milhões de brasileiros estavam nessas condições. Entre 2020 e 2022, o número passou para 70 milhões. É mais de um terço da população.

Parte importante da explicação para esta piora pode estar nas dificuldades econômicas do Brasil na última década, com reflexos na renda, que tem se mostrado incapaz de acompanhar a alta dos preços da comida, ainda mais acelerada entre 2021 e 2022 por fatores relacionados à pandemia e à guerra na Ucrânia. Entre 2013 e o ano passado, o IPCA, inflação oficial do país, subiu 80%. Mas o acumulado do grupo Alimentação e Bebidas no período foi bem maior, conforme cálculos pedidos pela coluna ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): 112,85%.

Enquanto isso, a renda dos brasileiros recuou em termos reais (ou seja, com a inflação descontada). Em 2013, pelos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, era de R$ 2.774. Ano passado, ficou em R$ 2.659, uma retração de 4,2%. O valor se refere ao ganho médio mensal das pessoas de 14 anos ou mais, com renda oriunda do trabalho. As famílias mais carentes costumam gastar uma parte maior de seus orçamentos com comida. Assim, sentem mais a inflação dos alimentos.

Vale lembrar que insegurança alimentar moderada ocorre quando pessoas enfrentam incertezas sobre a capacidade de obter comida e são forçadas a diminuir, em algum momento, a qualidade e a quantidade que consomem. Por falta de dinheiro, por exemplo. Já a insegurança severa é quando chegam a ficar em algum momento sem comida. É diferente do conceito de fome do relatório, que seria uma situação mais frequente e duradoura de falta de alimento.

A recente acomodação dos preços dos alimentos, com redução de alguns itens, como as carnes, é transitória. O desafio de médio e longo prazos é fazer com que a economia e a renda cresçam em ritmo ao menos equivalente ao do custo para comer e se manter satisfatoriamente nutrido.

Após a primeira edição, ano passado, o passeio do Trem da imigração (fotos) está de volta. Será nos dias 28, 29 e 30 deste mês. O trajeto sobre os trilhos da Ferrovia Tronco Principal Sul apresenta aos passageiros a diversidade histórica e cultural de três cidades do Vale do Taquari.

Os municípios de Colinas e Roca Sales voltam a fazer parte do roteiro. A novidade é a integração da cidade de Muçum. O passeio passa a ter 30 quilômetros e duas horas de duração. Dois mil passageiros são esperados para curtir a proposta de fazer uma viagem de trem enquanto se valoriza a cultura ítalo-germânica. O bilhete do passeio permite acesso à degustação de bebidas e pratos típicos.

O valor do passeio, por pessoa, é de R$129. O retorno aos municípios de partida é por de transporte rodoviário, com o custo de R$24. Bilhetes à venda no site www.tremdaimigracao.com.br. É uma iniciativa da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária, com a Associação dos Municípios de Turismo da Região dos Vales.

INFORME ESPECIAL

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