Ouça os cientistas, presidente
Está nas mãos do presidente Lula sancionar ou vetar o projeto aprovado na Câmara e no Senado que autoriza a prescrição da ozonioterapia por diferentes profissionais de nível superior da área da saúde. O apelo que se faz a Lula é: por favor, ouça os cientistas antes de transformar em lei um projeto sobre medicamento de eficácia tão duvidosa.
Apelo mais direto foi feito nesta segunda-feira, em artigo no jornal O Globo, pela bióloga Natália Pasternak, com o título "Veta o ozônio, Lula". No texto, Natália lembra que a Anvisa somente autoriza a ozonioterapia para fins odontológicos e estéticos, mas os "vendedores da terapia oferecem ozônio para condições que vão de Covid-19 à depressão e câncer".
O projeto aprovado pelo Senado é um substitutivo ao texto que passou pela Câmara, relatado pelo deputado gaúcho Giovani Cherini (PL). Em suas redes, Cherini dá como favas contadas que Lula vai sancionar a lei e trata como uma vitória das "práticas integrativas complementares", como são a aromaterapia, a constelação familiar e a hipnoterapia, entre outras.
Os defensores da ozonioterapia afirmam que ela auxilia no combate à dor crônica e aumenta a resposta do sistema imunológico a doenças infecciosas. Na pandemia, o ozônio retal foi usado em alguns Estados, sobretudo em Santa Catarina, no tratamento da covid-19.
O ozônio, lembra Natália Pasternak, é um gás tóxico e corrosivo, com propriedades germicidas. É usado como desinfetante de ambientes e purificador de água. De maneira controlada e regulamentada, diz a cientista, estas propriedades podem ser utilizadas para tratamentos tópicos de dentista (para limpar uma cárie, por exemplo) e de pele.
"Presidente Lula, foi bonita a festa das medalhas do Mérito Científico com a faixa ?a ciência voltou?. Mas, depois do bolo e do refrigerante, é preciso mostrar que ela voltou para ficar", conclui Natália.
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