O padroeiro dos motoristas
A manhã ensolarada de ontem em Canoas, na Região Metropolitana, foi palco para mais uma demonstração de fé e amor à profissão de motorista. A 66ª procissão em honra a São Cristóvão reuniu dezenas de veículos, entre caminhões, carros e vans.
A imagem do santo padroeiro dos motoristas partiu do Santuário São Cristóvão, no bairro Igara, logo após a missa presidida por Dom Jaime Splenger. Na sequência, os demais veículos seguiram a procissão pela BR-116. Cerca de 50 pessoas utilizaram a vista privilegiada do viaduto da Avenida Boqueirão para observar o comboio, que inundou a rodovia com sons de buzina.
Entre os observadores, estavam, inclusive, motoristas já aposentados, que dedicaram a vida à boleia, como Ciro Rolim Leite, 73 anos. Morador de Canoas, ele acredita que a proteção divina é essencial para quem trabalha como motorista, principalmente por conta dos perigos das estradas que, na opinião do idoso, estão mais traiçoeiras do que no passado:
- Eu sou muito grato a São Cristóvão. Já pedi bênçãos a ele e fui receber. Hoje em dia, tem de ter muita fé, olho vivo e pé ligeiro.
Churrasco
Além da questão religiosa, a festa em honra a São Cristóvão é vista como uma oportunidade de reunir amigos. Enquanto a fila de veículos seguia pela rodovia, havia caminhões e carros estacionados nas laterais, com música gaúcha e sertaneja e até churrasco improvisado em churrasqueiras de latão. Nessa turma, estava o caminhoneiro Arisson Lemes, 37 anos, que trabalha com transporte de carga. Para ele, que participa desde 2015, o evento também é momento de agradecer pelo sonho alcançado: ser motorista.
- É um sonho desde criança. Já vem de pai, de tio. Meu avô já era caminhoneiro. E hoje estamos aí, seguindo a linhagem.
Também havia estreantes na procissão. Após ter viajado por todo o Brasil ao longo da carreira, Eduardo Ramos, 67 anos, acompanhou o movimento pela primeira vez. Morador de Sapucaia do Sul, ele agora leva uma vida pacata, mas sem abandonar a cabine de um caminhão. Atualmente, as viagens estão restritas ao RS.
- Vou morrer aqui dentro - define, apontando para o seu caminhão, logo atrás.
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