11 DE JULHO DE 2023
LUÍS AUGUSTO FISCHER
Editoras por aqui
De vez em quando a gente é atropelado pela percepção de uma realidade. Não me refiro a realidades paralelas ao nosso mundo, este da classe média confortável, que faz todas as refeições, não tem dívidas impagáveis, é escolarizada e continua amiga da ciência e do esclarecimento. Nós, para quem é quase inconcebível a rotina da privação e da brutalidade, que só nos chega em eventos muito remotos.
(Aliás, em nosso próprio mundo há realidades meio inimagináveis, como jornalistas inimigos da vacina, dirigentes de grandes entidades que creem que estamos vivendo uma ditadura comunista, pessoas com diploma superior que defendem armar toda a população.)
Mas quero falar de coisa bem amena e mesmo positiva. O caso que me caiu das nuvens sobre o colo foi o número de editoras em atuação em Porto Alegre e no Estado. Não se trata aqui de um levantamento rigoroso, muito longe disso. (Vão já minhas desculpas para as que não lembrei.) Registro aqui editoras que têm publicado livros que me passaram pelas mãos nos últimos tempos.
Em Porto Alegre, algumas tradicionais, como L&PM, Movimento, Sulina, Martins Livreiro, AGE. Outras que já não podem ser chamadas de novas, pelo tanto que já produziram, como Libretos, Arquipélago, Tomo Editorial, Zouk, Não Editora/Dublinense, BesouroBox, Casa Verde, ARdoTEmpo.
E muitas outras bem recentes, mas já mostrando serviço relevante: Diadorim, Figura de Linguagem, Bestiário, Ama Livros, Taverna, Metamorfose, Boaventura, Território das Artes, Falange Produções, Santa Sede, Artes e Ecos, Piu, Coragem, Estúdio Mar Edições.
Do Interior, Oikos, de São Leopoldo; Belas Letras, de Caxias; Coralina, de Cacheira do Sul; Tan Ed, de Santana do Livramento; Gato Mourisco, de Três de Maio; Memorabilia, de Santa Maria; Libélula, de Lajeado.
E isso sem contar o Instituto Estadual do Livro e as muitas editoras universitárias, em mais de 10 cidades do Estado.
Isso tudo quer dizer que estamos jogando o jogo, dando a ver obras variadas, no campo da criação literária. E não é pouco fazer isso quando está clara a divisão entre os textos que a gente lê com gosto e proveito nas telas - dicionários, estudos, documentos, etc. - e os que a gente continua preferindo ler em papel, neste formato tão simples e tão eficiente chamado livro, uma pilha de folhas de papel unidas por um dos lados, com uma capa de papel mais resistente, capaz de nos conduzir a estados de alma e a espaços de imaginação variados, capazes de proporcionar ao leitor a maravilha de espiar e experimentar outras vidas.
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