terça-feira, 18 de julho de 2023


18 DE JULHO DE 2023
OPINIÃO DA RBS

DESARMANDO FACÇÕES

O combate das forças de segurança às facções criminosas requer atuação em várias frentes. Uma delas é fechar o cerco sobre o poder de fogo desses grupos. Chama atenção o dado que mostra o crescimento da apreensão de armas no primeiro trimestre por parte do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) da Polícia Civil gaúcha. As operações do órgão especializado na repressão ao tráfico de drogas contabilizaram 240 armamentos tomados de bandidos de janeiro a junho, uma alta de 42% sobre o mesmo período de 2022.

Note-se que não são quaisquer armas. É grande a quantidade de fuzis e pistolas de alto calibre apreendidos, o que mostra a busca destes grupos por aumentar o poderio, tanto para eventuais confrontos com as polícias, quanto para os enfrentamentos com grupos rivais. É importante que as autoridades, a partir de um trabalho meticuloso de investigação, apoiado por técnicas de inteligência, descubram e coloquem as mãos neste armamento, impedindo que seja utilizado para os fins para os quais foi obtido.

Desarmar as facções significa ter maiores possibilidades de os índices de criminalidade e de homicídios reduzirem-se. As chances de assassinatos entre as quadrilhas adversárias que disputam pontos de tráfico diminuem, e também o risco de a violência transbordar e atingir inocentes, o que não é incomum na guerra entre facções. As comunidades que esses grupos tentam controlar, da mesma forma, podem viver menos amedrontadas com os confrontos.

Em reportagem publicada na superedição de Zero Hora, o delegado Carlos Wendt, diretor do Denarc, sublinha que, neste ano, as apreensões de armas têm características particulares. Em vez dos pontos de comercialização de drogas, as ações têm ocorrido em locais onde estes materiais de alto poder de fogo estavam sendo armazenados, como dois sítios, um em Gravataí e outro em Glorinha, municípios da região metropolitana de Porto Alegre. Outra operação ocorreu na periferia de Rivera, cidade uruguaia fronteiriça, junto à brasileira Sant?Ana do Livramento. A ofensiva contou com a colaboração de autoridades do país vizinho.

A apreensão de armas é, portanto, uma parte relevante da ofensiva para enfraquecer esses grupos criminosos que agem no Estado. Mas não é o suficiente. Ao lado desse trabalho bem-sucedido do Denarc, é preciso atacar as facções pelas demais frentes. Além da óbvia prisão dos líderes, é essencial sufocar financeiramente as quadrilhas, tomando capitais, bens e negócios usados na lavagem de dinheiro. Descapitalizar os criminosos implica diminuir a capacidade de conseguirem adquirir novos arsenais.

Ao mesmo tempo, há muito bate-se na tecla de que seria necessário reforçar o controle de fronteiras para diminuir a entrada de armas ilegais de outros países, como Uruguai, Argentina e Paraguai. Esta é uma tarefa federal. Internamente, também são aguardadas medidas para impedir criminosos de comprar armas de forma legal, como se fossem colecionadores, atiradores esportivos e caçadores (CACs).

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