domingo, 16 de julho de 2023

 Livros

Para onde vão os guarda-chuvas (Dublinense, 544 páginas, R$ 119,90) está sendo considerado o mais celebrado romance do português Afonso Cruz. A obra foi vencedora do prestigiado Prêmio da Sociedade Portuguesa de Autores, como melhor livro de ficção de 2013. Afonso Cruz, nascido em 1971 na Figueira da Foz, é também ilustrador, músico e cineasta e publicou mais de trinta livros, entre romances, teatro, não-ficção, ensaio, álbuns ilustrados, novelas infanto-juvenis e ainda uma enciclopédia inventada, com sete volumes.para onde vão os guarda-chuvas fala de um Oriente ficcional, onde circulam vários personagens fascinantes: o pragmático dono de uma fábrica de tapetes, sua esposa herege, uma mulher que sonha em se casar, um hindu que deseja ser o seu marido, um poeta mudo, uma criança perdida e outra encontrada. Cada um deles carrega características notáveis - uma marca dos romances de Afonso Cruz. Suas trajetórias nos falam de perda, solidão, amor e religiosidade.
É uma narrativa tocante e inventiva, que ultrapassa as diferenças entre Oriente e Ocidente para falar sobre como, onde quer que estejamos, nunca estamos absolutamente sós. Afinal, tudo está entrelaçado como na tapeçaria, onde "o primeiro ponto não está separado do último e, se alguém mexer num deles, mexe inevitavelmente nos outros."
Segundo Isabel Lucas, jornalista e curadora do Prêmio Oceanos, "Para onde vão os guarda-chuvas é o ponto mais alto da capacidade narrativa e da efabulação de Afonso Cruz (...) O que poderia não passar de um exercício de demonstração de sabedoria é um livro cheio de humanidade, muitas vezes brutal, e de um apurado sentido estético. Magnético."
Na apresentação do livro, o consagrado escritor Reginaldo Pujol Filho escreveu: "Mais do que um autor de livros, Cruz muitas vezes nos surge como autor de livros dentro de livros dentro de livros. Isso está em diversas obras suas, de romances a enciclopédias, e, é evidente, está em Para onde vão os guarda-chuvas. É como se ele não se contentasse em escrever apenas um livro por vez, é preciso criar outros."
Lançamentos
• Metodologia PEMD - Planejamento Estratégico de Marketing na Era Digital (DVS Editora, 544 páginas, R$ 99,00), de Nino Carvalho, consultor e professor de atuação internacional, atual Coordenador de Cursos de MBA no IPOG e professor em Portugal e Bélgica, é um guia completo para planejamento estratégico. Trata de casos reais, planejamento, condução e gestão.
• Como investir - Por quem mais entende do assunto (Editora Intrínseca, 432 páginas, R$ 89,90), de David M. Rubenstein, cofundador e copresidente do conselho do Carlyle Group,uma das maiores empresas de private equity do mundo, traz ensinamentos dos maiores nomes do mercado financeiro,como Larry Fink, Ray Dalio, Ron Baron e outros.
• Os Engenheiros do Caos (Vestígio, 192 páginas, R$ 59,90), do ensaísta italiano Giuliano Da Empoli, mostra como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições. Para o autor, os engenheiros do caos descobriram que a democracia da era do narcisismo de massa e das redes sociais mexem com as eleições. 

Toda a Segunda Guerra Mundial

Pela sua magnitude, sua duração e impactos em todo o globo, a Segunda Guerra Mundial ainda segue como objeto de pesquisas, visões e revisões, especialmente no que diz com os horrores das batalhas, a morte de mais de 46 milhões de civis e militares e as atrocidades contra judeus, homossexuais, pessoas com deficiência e oposicionistas.
A Segunda Guerra Mundial - A História Completa - Volume I - 1939-1942 (Editora Objetiva, 606 páginas, R$ 119,00, tradução de Renato Marques), de Martin Gilbert, célebre historiador britânico, mostra, em síntese, como a maior guerra já travada alcançou todos os cantos do planeta e apresenta um perspectiva global do conflito, a partir de todos os seus fronts.
Martin Gilbert nasceu em 1936, na Inglaterra e faleceu em fevereiro de 2015. É considerado um dos mais renomados historiadores do Reino Unido e publicou, em vida, mais de oitenta livros, sobretudo relacionados aos temas da Primeira e da Segunda Guerra Mundial, do Holocausto e de Israel. Em 1968 tornou-se biógrafo oficial de Winston Churchill, em 1990 foi agraciado com a Ordem do Império Britânico e nomeado cavaleiro em 1995.
A Segunda Guerra Mundial foi um dos conflitos mais destrutivos da história da humanidade. Durante os 2174 dias transcorridos entre o ataque alemão à Polônia em setembro de 1939, e a rendição do Japão, em agosto de 1945, mais de 46 milhões de soldados e civis morreram. Na obra de Gilbert esses números terríveis ganham rosto, nome e voz. Num trabalho primoroso, o autor combina elementos políticos, militares, diplomáticos e civis, fornecendo uma visão de todo o conflito, a partir dos vários campos de batalha.
Nunca um livro sobre esse tema expôs de modo tão vívido o horror dos campos de batalha, as manobras políticas das principais lideranças mundiais e seus impactos na vida dos indivíduos. As informações de Gilbert impressionam pelo nível de detalhamento e pela excelência da pesquisa. Sem dúvida, uma obra referencial, monumental e definitiva.
Como se sabe, nos anos 1940, o paulatino recrudescimento do nazismo na Europa engendrou uma espiral de atrocidades poucas vezes vista na história. A obra de Gilbert é a primeira em que o destino dos judeus e de muitas outras vítimas do nazismo aparece como parte integrante da narrativa de guerra. Os ecos destes ataques reverberam até hoje.
Com muita habilidade, Gilbert mostra todas as frentes de combate em terra, no mar e no ar, as atividades de resistência, espionagem, inteligência secreta, estratégia e tática. Na narrativa estão trechos de diários, memórias, cartas, mensagens, artigos de jornal e relatos de quem viveu e testemunhou ambos os lados do conflito.
Gilbert mostra a coragem dos soldados, marinheiros e aviadores, a dos guerrilheiros da resistência e a daqueles que, famintos, sem forças e sem armas, foram enviados para a morte. Na narrativa de Gilbert, o horror está por todos os lados. 

A propósito

Martin Gilbert mostra, entrelaçando brilhantemente resumos de estratégia militar com cenas de sofrimento de civis , que se de um lado a guerra mostra o pior do ser humano, mostra igualmente seu melhor. Bravuras impensáveis e formação de extensas redes de solidariedade em prol de vítimas foram a resposta quando as barreiras da decência e da sanidade se romperam com o regime nazista. Num planeta ainda, infelizmente, cheio de conflitos e barbáries e pleno de narrativas contraditórias, vem em boa hora esta obra original e criativa, que já nasceu clássica.

Nenhum comentário: