sexta-feira, 7 de abril de 2017



Amor, crime, punição e perdão 

Nossas horas felizes (Editora Record, 280 páginas, tradução de Maryanne Linz), da aclamada e multipremiada escritora coreana Gong JI-Young, em síntese, é um denso e belo romance que trata de amor, crime, punição e perdão. 

Por suas qualidades em termos de forma e conteúdo a obra, de escrita brilhante, tornou-se um best-seller internacional, com mais de 10 milhões de exemplares vendidos no mundo. Gong JI-Young é uma das romancistas mais consagradas da Coreia do Sul, tendo sido publicada em 12 países. Venceu o Prêmio Literário Yi Sang, o Prêmio Literário do Século XXI, o de Melhor Romance Coreano, o Prêmio OH Young-soo e o Prêmio Especial de Comunicação da Anistia Internacional pelo romance Nossas horas felizes, há poucos dias publicado no Brasil. 

Nossas horas felizes traz inicialmente na trama a jovem Yujeong, linda, rica e inteligente, da alta sociedade coreana, que, indiferente a tudo e todos, não consegue encontrar um sentido para a vida. Depois de três tentativas de suicídio, ela acaba definhando em meio ao álcool e ao desespero. Seus familiares não se esforçam para entendê-la, com exceção da tia freira, a irmã Mônica, com quem sempre teve uma ligação especial. 

Disposta a trazer a sobrinha de volta para a vida, Mônica sugere que Yujeong visite, com ela, semanalmente, um jovem preso que está no corredor da morte, para um trabalho voluntário. Yunsu, o jovem criminoso, anseia deixar o mundo por entender que só assim conseguirá se redimir de seus muitos pecados. Inicialmente, ele parece apenas uma pessoa agressiva e nada disposto a arrependimentos, mas depois as coisas mudam, com o contato com a jovem doente. 

O jovem preso é de origem humilde, mas tem muita coisa em comum com a menina aristocrata. Os dois têm um triste passado de abusos físicos e psicológicos. Dos encontros semanais de algumas horas, às quintas-feiras, surge uma conexão inesperada entre eles e que gradualmente desperta nas pobres almas um desejo novo de viver. 

Os dois jovens revelam um ao outro seus segredos mais obscuros e as poucas horas felizes juntos produzem efeitos que eles nunca imaginaram. Entre um capítulo e outro da obra estão epígrafes com poemas de T.S. Eliot, frases de Nietzsche, Albert Camus e Goethe, entre muitos outros autores clássicos, revelando leituras e inspirações que a autora utilizou para compor seu trabalho, que apresenta linguagem elaborada e referências literárias requintadas. 

lançamentos 

Eduardo II (Movimento, 192 páginas), do clássico britânico Christopher Marlowe, tradução interlinear, introdução e notas de Elaine Indrusiak e Elvio Funck, traz a tragédia histórica sobre o Rei Eduardo II. Marlowe, ao lado de Shakespeare, é um gigante do teatro elisabetano e impressiona pela naturalidade com que trata de temas que se tornariam tabus. Bíblia de Estudo da Reforma (Sociedade Bíblica do Brasil, 2.304 páginas, R$ 159,90) comemora os 500 anos da Reforma Protestante de Lutero. Há notas, artigos e orações com base em cada livro das escrituras sagradas. 

Há sempre uma introdução sobre o pensamento de Martinho Lutero e referências históricas. Blasfêmeas - mulheres de palavra (Casa Verde, 216 páginas), organizado por Marilia Kubota e Rita Lenira de Freitas Bittencourt, traz poemas de Ana Mariano, Ana Mello, Laís Chaffe e Maria Rezende, entre outras, num total de 64 autoras, contendo sussurros, impropérios, risadas e gritos de dor e de êxtase. Hilda Hilst, claro, na epígrafe. - Jornal do Comércio 

(http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2017/04/colunas/livros/555588-amor-crime-punicao-e-perdao.html)

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