sexta-feira, 28 de abril de 2017


28 de abril de 2017 | N° 18831 
NÍLSON SOUZA

UMA TORRE NO CÉU


Adoro Khalil Gibran. Ele escreveu tudo o que eu gostaria de ter escrito, com sabedoria e poesia. Seu livro mais famoso, O Profeta, é um conjunto de reflexões feitas pelo personagem Al Mustafá ao povo de Orfalese, onde viveu durante 12 anos, enquanto o navio que o levaria de volta à terra natal se preparava para partir.

Ninguém foi tão certeiro para falar sobre o amor.

“Quando o amor vos fizer sinal, segui- o, ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis. E, quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos, ainda que a espada escondida na sua plumagem vos possa ferir.”

Sua conhecida lição sobre os filhos é definitiva.

“Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E, embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos. Porque eles têm seus próprios pensamentos. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas. Pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho.”

Vejam que maravilha sua visão sobre o trabalho.

“Quando trabalhais sois uma flauta através da qual o sussurro das horas se transforma em música. Quando trabalhais, estais a preencher um dos sonhos mais importantes da terra, que vos foi destinado quando esse sonho nasceu, e quando vos ligais ao trabalho estais verdadeiramente a amar a vida, e amar a vida através do trabalho é ter intimidade com o segredo mais secreto da vida.”

Sobre a amizade, uma frase basta.

“A amizade é sempre uma doce responsabilidade, nunca uma oportunidade.”

O mesmo vale para a sabedoria.

“A simplicidade é o último degrau da sabedoria.”

Por fim, um trecho sobre despedida.

“Foi apenas ontem que nos encontramos em um sonho. Cantastes para mim em minha solidão, e eu construí, com vossa nostalgia, uma torre no céu. Se no crepúsculo da memória nos encontrarmos novamente, de novo conversaremos, e cantareis para mim uma canção mais profunda. E, se nossas mãos se encontrarem em outro sonho, construiremos outra torre no céu.”

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