04 de abril de 2017 | N° 18810
ARTIGO | DENIS LERRER ROSENFIELD
REFORMA DA PREVIDÊNCIA
Considerando a importância da reforma da Previdência, seria de se esperar uma comunicação social à altura do desafio. Ora, há um consenso de que a atual comunicação governamental é muito ruim. Se o governo for incapaz de tomar uma medida nesta área, mais problemática ficará a aprovação desta PEC.
O que se observa na população em geral e nos meios de comunicação é uma não aceitação desta proposta de reforma, com a esquerda conseguindo, por sua vez, ganhar um discurso. A incapacidade governamental de comunicação está tendo como efeito colateral um fortalecimento de certas posições de esquerda.
Em recente pesquisa CNI/Ibope, destaca-se a questão da alteração do sistema previdenciário com 26% das menções. É, de longe, a notícia e o tema mais lembrados pelos entrevistados. É patente o desgaste do governo. Até aqui, este tem sido reativo na defesa do projeto, não conseguindo explicar seu conteúdo de maneira didática à população.
Pecando na comunicação com a sociedade, o governo hoje encontra-se desprovido de qualquer narrativa comunicativa eficaz para persuadir a população a apoiar a reforma – sequer sua base de sustentação no Congresso a defende.
Ocorre que os deputados, dada a má comunicação do governo, estão cada vez mais temerosos na aprovação desta reforma. Têm eles efetivamente medo de serem rechaçados por seus eleitores, perdendo a possibilidade da reeleição. Entre a reeleição e o futuro do governo, sua inclinação mais direta é a da primeira alternativa. Em encontros partidários, deputados verbalizam publicamente essa posição, não temendo nenhuma retaliação governamental contra eles.
Nota-se, inclusive, a ignorância deles no tratamento da questão, com discursos repetitivos sobre a perda de direitos. Não possuem a menor noção de orçamento público, nem do que isto pode significar para o futuro do país, que não poderá, se nada for mudado, nem assegurar o pagamento das aposentadorias em poucos anos.
O rombo é de tal ordem, que em pouco tempo pode engolir a todos.
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