12 de abril de 2017 | N° 18817
EDITORIAIS
O PODER SOB INVESTIGAÇÃO
Ao determinar a abertura de inquéritos contra oito ministros do atual governo, 29 senadores e 42 deputados federais, incluídos aí os presidentes da Câmara e do Senado, o ministro-relator da Operação Lava-Jato, Edson Fachin, autoriza a maior investigação de corrupção política da história do país. Entre os 98 investigados, estão também três governadores estaduais, um ministro do Tribunal de Contas da União e 24 outros políticos e autoridades sem foro no Supremo, mas de alguma maneira relacionados aos fatos investigados.
Embora investigação não signifique culpa, pois agora os investigadores têm que juntar provas para apontar indícios de autoria e materialidade de crimes para apresentar as denúncias ou pedir o arquivamento, os suspeitos ficam fragilizados politicamente para continuar exercendo suas funções. Isso pode significar a paralisação temporária das atividades parlamentares, das reformas e do própriogoverno.
Outro cenário possível – e até desejável do ponto de vista da administração do país – é a manutenção da normalidade dos projetos em andamento, mesmo que o interesse de alguns parlamentares seja apenas desviar o foco da investigação. A população quer a apuração rigorosa das suspeitas e a punição exemplar de todos os envolvidos com a corrupção, mas também precisa da manutenção da governabilidade para evitar o recrudescimento de uma crise que já começava a ser superada.
É essencial para o país manter a pauta econômica, pois tão importante quanto a faxina política é a retomada do crescimento e a recuperação dos milhares de postos de trabalho extintos nos últimos anos. Finalmente, mesmo com o expressivo envolvimento de autoridades nas suspeitas investigadas, é preciso que se diga que são políticos – e não a política, nem todos os políticos – os alvos da grande investigação.
Se os brasileiros continuarem acreditando na Justiça e na democracia, um Brasil mais limpo, decente e justo haverá de emergir deste mar de lama.
A CRISE FISCAL E AS ELEIÇÕES
Ao se retirar da base de apoio parlamentar do governo José Ivo Sartori, o PDT segue a vontade da maioria dos integrantes do diretório estadual e se habilita a trabalhar pelo pré-candidato do partido ao Piratini nas eleições do próximo ano. Ainda assim, sair do governo não deve significar, necessariamente, oposição radical a tudo o que o próprio partido vinha apoiando enquanto ocupava secretarias e cargos na administração. O esperável é que os pedetistas continuem votando pelos interesses do Estado ao examinar o conjunto de projetos de reforma em tramitação na AssembleiaLegislativa.
Não é de hoje que governos costumam contar com uma ampla maioria na Assembleia no período inicial, o que tende a facilitar a aprovação de projetos prioritários do programa político de quem assumiu o poder. Passada essa fase, porém, e à medida que novas eleições se aproximam, a base tende a ir encolhendo, na maioria das vezes, porque os interesses eleitorais falam mais alto.
A questão, hoje, é que nunca o Estado se viu diante de uma crise financeira tão grave e raras vezes esteve tão próximo de enfrentar os desequilíbrios nas contas públicas nas suas causas reais. E esse desafio deveria pairar acima de divergências de ocasião.
O que está em definição neste momento é o futuro imediato do setor público no Estado, que não será garantido sem providências à altura da crise, muitas delas pouco propícias a quem só se interessa por votos. Essa é uma questão que não interessa apenas aos políticos, a começar pelos pretendentes ao Piratini, mas a toda a sociedade gaúcha.
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