25 de abril de 2017 | N° 18828
ARTIGO
O ABRAÇO DOS AFOGADOS
A posição pessoal e política do ex-presidente Lula é cada vez mais insustentável. Os seus discursos e manifestações nada mais são do que artimanhas para escapar de uma possível prisão e de uma condenação, a estas alturas, inevitável. Condenado em 2ª instância, cairá na Lei da Ficha Suja e tornar-se-á inelegível para 2018, salvo se conseguir uma liminar que lhe permita concorrer a título provisório. Seria, se isto vier a ocorrer, a completa desmoralização das instâncias superiores do Judiciário. A derrocada das instituições.
O “pai dos pobres” revelou-se o “pai das empreiteiras”. As delações são estarrecedoras. Chocam, inclusive, pela falta de pudor e pelo completo desrespeito para com a coisa pública. Lula aparece como um aproveitador, enriquecendo-se com a propina e com o desvio de empresas estatais, além do feito na manipulação de leis e medidas provisórias. O “novo rico” apareceu como demolidor das instituições representativas, democráticas.
Verbas da corrupção irrigaram os seus bolsos, os dos seus familiares e de outros dirigentes partidários, além de financiarem as suas campanhas eleitorais e as de seu partido. De sua imagem e de seu partido, não sobrou pedra sobre pedra. Até Chomsky, renitente dogmático marxista, teve de abandonar os petistas. Até ele não mais suportou o que fizeram com a ideia de esquerda. E isto que ele tinha um estômago resistente tanto com Lula quanto com Chávez.
O crescimento do Estado sob o petismo mostrou ser terreno fértil com a corrupção, que foi igualmente agigantada. Os “belos discursos” foram substituídos pela propina, pelo desemprego e pela recessão, frustrando o sonho dos que nele acreditavam.
Frente a tal situação, o que fez ou deveria fazer o PT? Os seus membros não envolvidos na corrupção e os seus militantes estarrecidos com os fatos deveriam ter partido para uma profunda revisão de suas práticas e concepções. Deveriam ter feito um real diagnóstico da situação, reconhecendo erros e abrindo novos caminhos. Deveriam ter apostado em uma renovação partidária, ao custo, evidentemente, de afastar os seus elementos mais envolvidos com os crimes praticados. Em suma, deveriam afastar Lula e seus dirigentes partidários.
Contudo, o que estão fazendo o PT e seus dirigentes? Estão apostando em Lula enquanto opção partidária para as eleições de 2018. Conclamam seus militantes a defender o líder de uma organização criminosa! Estão, literalmente, em um abraço dos afogados.
Professor de Filosofia denisrosenfield@globo.com
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