sexta-feira, 20 de junho de 2014


O melhor de Millôr

Millôr Fernandes nasceu no Meyer, subúrbio do Rio de Janeiro, em 1924, e faleceu no Rio, em 2012. Em mais de 70 anos de atividade na imprensa, no teatro, na literatura e nas artes plásticas, tornou-se uma das maiores personalidades de seu tempo. Combativo, adepto do estilo “hay gobierno, soy contra” como pouquíssimos, conseguiu praticar o ideal da independência intelectual, tendo sido perseguido pelas ditaduras que assolaram o Brasil no século XX.

Escreveu, traduziu e adaptou mais de cem peças de teatro (Shakespeare, Brecht, Pirandello, Fassbinder, Molière, Tchekov, Gorki, Racine e muitos outros), publicou dezenas de livros, entre os quais O livro vermelho dos pensamentos de Millôr; Poemas e A verdadeira história do paraíso.

Millôr Definitivo - A bíblia do caos, agora em nova edição revista e ampliada (foram mais de vinte, desde a primeira, em 1994), apresenta 5.299 frases escritas e ditas por Millôr, que colaborou com O Cruzeiro, Veja, O Pasquim, IstoÉ, Jornal do Brasil, Folha de S. Paulo, Bundas e O Estado de S. Paulo.

Exercendo o livre pensar, sem medo dos poderosos, Millôr foi testemunha, cronista e participante ativo da nossa história. Suas frases, pensamentos, aforismos, poemas e hai-kais, feitos com a sensibilidade, os sonhos e a vibração que lhe eram tão próprios, são muitas vezes repetidos nas casas, nas festas, nas praias, nos bares e em muitos outros locais. Millôr é uma de nossas melhores e mais bem-humoradas consciências-críticas.

Exemplos: Democracia é eu mandar em você. Ditadura é você mandar em mim. / O homem põe. E o publicitário cacareja. / História é um troço inventado por historiadores que não concordam com o que outros historiadores inventaram antes. /Você aí, companheiro de profissão: uma coisa é ser o rei dos palhaços, outra coisa é ser o palhaço dos reis./De madrugada o melhor amigo do homem é o cachorro-quente./ Como é mesmo que Stefan Zweig disse: “País do futuro” ou “País do faturo”? / A vida é igualzinha ao futebol.

Mas o campo não é demarcado, vale impedimento, a canelada marca ponto a favor, a bola é quadrada, o gol não tem rede e o supremo juiz é um ladrão que expulsa do jogo quem bem entende, sem qualquer explicação. Cético, irreverente, Millôr sempre surfou na crista da onda. Moderno, acompanhou os movimentos de renovação cultural e usou vários meios de expressão, como o cinema, o teatro, a literatura, o jornalismo, o desenho, o humor, a pintura e a poesia.


O resumo do pensamento de Millôr permite pensar e analisar o Brasil, dar umas risadas, amar e odiar a pátria e seguir adiante. L&PM Editores, 544 páginas, R$ 69,90, www.lpm.com.br.

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