quarta-feira, 25 de junho de 2014


25 de junho de 2014 | N° 17840
VISÃO HERMANA | DANIEL ARCUCCI

VISAO VISÃO HERMANA

Zero Hora publica, nestes dias de integração gaúcha com a Argentina, textos dos enviados especiais do jornal La Nación a Porto Alegre.

TEMOS O SOLISTA, FALTA A ORQUESTRA

Antes da Copa, da sua Copa, o Brasil tinha uma obrigação, uma certeza e uma inquietação. A obrigação era, e é, vingar os fantasmas do Maracanazo. A certeza era, paradoxalmente a respeito da sua história, a de que contava com a melhor defesa do mundo para fazê-lo. E a inquietação, também paradoxalmente, a de que não contava com atacantes à altura, exceto a promessa diferenciada de Neymar.

Encerrada a primeira fase, pode-se apenas ter certeza da inquietação. A ponto de se considerar dependente de Neymar e de fazer com que Luiz Felipe Scolari aceite o fato, tomando como referência... a referência: A Argentina vive a mesma situação com Messi. É normal.

É normal?

A seleção argentina também chegou aqui com uma obrigação relativamente parecida à dos brasileiros, embora com certezas e inquietações trocadas. Sem defesa garantida, o que gerava mais inquietação. A esperança estava posta em Messi, lógico, mas também nos seus companheiros, com uma diferença de potencial em comparação com os demais.

Mas a verdade é que, até aqui, além do fato de as dúvidas continuarem sendo dúvidas e a classificação ter sido obtida com a pontuação ideal, a única coisa que pudemos confirmar é que contamos com um solista extraordinário, capaz de tirar um acorde sem qualquer partitura. Surpreendentemente, improvisando. Assim soou contra a Bósnia e, mais ainda, contra o Irã.

Assim como Neymar faz com o Brasil, Lionel Messi faz a seleção vencer jogos, com um certo toque genial, embora ainda não tenha conseguido, com ele e em torno dele, fazer o restante do time acompanhá-lo como uma orquestra.

Os entendidos dizem que “a sintonia de uma orquestra sinfônica toma como referência o oboé, devido à qualidade do seu som, por se projetar mais, por ser um som focado e penetrante”. Focado e penetrante é Messi, e Sabella tinha conseguido, até agora, fazer todos se unirem em torno dele, sem desafinar.

O desafio que temos agora, no entanto, é não depender absoluta e exclusivamente dele: “Sempre que existe um jogador como Messi, há dependência”, reconheceu ontem; assim como Felipão, mas contrariado como poucas vezes, com vontade de que a tortura de dar explicações acabasse logo. “Vamos tentar fazer com que a pressão seja menor, liberá-lo desse peso que possa estar sentindo. Somos uma equipe, temos que liberá-lo entre todos”.


É isso.

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