10
de junho de 2014 | N° 17824
ARTIGOS
ZH - Anette Blaya Luz*
DESCULPA GIOVANA, MAS EU CONSIGO
Mas
discordo dela na forma de encaminhar esses temas. Por que não torcer por um
Brasil melhor? A decisão de não torcer pelo Brasil ou de incentivar a sabotagem
aos jogos da Copa me parece equivocada. Explico.
Como
psicanalista, me permito a seguinte comparação: quando um adolescente
complicado faz de tudo para ser expulso da escola, ou para repetir o ano, ou
rouba e mente, ele está, muitas vezes, tentando um ajuste de contas com seus
pais, a quem ele acusa de maus pais.
O
que é difícil para esse adolescente compreender é que ele está “dando um tiro
no pé”, isto é: para se vingar dos pais, é ele quem sofre. É ele quem fica em
recuperação, é ele quem perde os amigos que passam de ano, é ele quem se
deprime por não conseguir dar conta de suas tarefas, é ele quem fica se
sentindo menos do que os demais. Certamente, os pais também sofrem, mas ele
sofre bem mais. Cabe ao analista auxiliá-lo a encontrar formas mais adequadas e
menos penosas para que ele possa se fazer ouvir e respeitar.
Conosco,
povo brasileiro, me parece muito semelhante. Se sonhamos com um futuro melhor,
precisamos aprender a protestar melhor. Precisamos votar melhor, escolher
melhor, pensar melhor. Afinal, nós somos o Brasil. Fazer baderna, sabotar os
jogos, queimar ônibus, bloquear estradas e ruas, fazer greves de serviços
fundamentais em momento tão importante me parece “dar um tiro no pé”. E
sofreremos as consequências de passar essa imagem para o resto do mundo.
Por
pensar assim é que consigo, sim, torcer pelo Brasil. Com taça ou sem taça, desejo
que o mundo acredite num Brasil melhor, que possa oferecer mais oportunidades
para todos.
MÉDICA,
PSICANALISTA
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