17
de junho de 2014 | N° 17831
VERISSIMO
NA COPA
VERISSIMO NA COPA
PIRLO
Conheço pouco da vida pessoal de Andrea Pirlo,
meio-campista da Juventus e da seleção italiana. Sei que ele tem 35 anos, uma
mulher chamada Deborah, dois filhos e a cara de um profeta desgrenhado. É pura
especulação, mas imagino que ele tenha problemas em casa. Todos os dias, quando
chega de um treino ou de um jogo, Pirlo deve ouvir a mesma reclamação da
mulher.
–
Andrea, eu já não pedi pra você não trazer trabalho pra casa?
– O
que eu posso fazer? A bola insiste em vir junto. Ela não larga do meu pé.
– Se
você não tratasse ela tão bem...
– Eu
tento me livrar dela, Deborah, mas ela sempre volta. No campo também é assim.
Eu passo ela pros outros, com o maior cuidado para não magoá-la, mas não
adianta. Quando vejo, ela está comigo de novo. Mesmo quando eu estou longe da
jogada, ela me procura. Precisa passar sempre por mim, senão fica nervosa, fica
confusa, não sabe o que fazer...
–
Ela ama você, Andrea.
– Eu
sei, eu sei...
– O
amor é recíproco, confesse.
–
Não, não. É que...
–
Não negue. E só vou dizer uma coisa. Ela ficar paradinha do lado da nossa cama,
de noite, eu ainda aguento. Mas da próxima vez que ela tentar entrar sob as
cobertas do seu lado, eu chuto!
–
Pobrezinha, Deborah!
PRIMEIRA
IMPRESSÃO
A
sorte das outras seleções é que a Alemanha raramente confirma a sua primeira
impressão. Mesmo quando não ganha a Copa, sempre começa assustadora. Os
adversários que viram o time de Özil, Tony Kroos, Khedira e Müller arrasar com
Portugal, ontem, teriam toda a razão para fazerem as malas e irem embora. Na
fase final do jogo, quando já estava 4 a
0, os alemães se limitaram a tocar a bola de lado a lado, com uma ou outra
estocada aguda, mas no primeiro tempo deram uma aula de futebol minimalista,
frequentemente passando da sua defesa à área do adversário em, no máximo,
quatro passes longos.
É
comum compararem o estilo alemão de intimidação do inimigo com as fulminantes
blitzkrieg do exército de Hitler, mas eu prefiro uma comparação menos bélica,
com as linhas limpas e despojadas da arquitetura de Bauhaus. Mas a lição de
outras copas é que a Alemanha, cedo ou tarde, tropeça na sua própria empáfia.
Não nos apavoremos.
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