13
de junho de 2014 | N° 17827
DAVID
COIMBRA
Mídia
maldita
Quem
é contra a Copa acusa a “Mídia” de ser a favor porque a “Mídia” vai lucrar com
a Copa. Os petistas, que são a favor da Copa, acusam a “Mídia” de ser contra
porque a “Mídia” é golpista e quis criar um clima de terror para prejudicar o
governo em ano de eleição. Já eu aqui sofri uma distensão na perna que está me
consumindo em dores, maldita “Mídia”.
Alguém
tem que pagar por toda essa infelicidade brasileira, que o Brasil se tornou um
país infeliz. O governo não há de. O governo do PT conseguiu criar em torno de
si uma aura adhemarista, uma espécie de “rouba mas faz” do século 21. Quando
alguma nova corrupção é divulgada, os petistas reclamam: “E a corrupção do
PSDB? Ninguém vai falar da corrupção do PSDB? Olha lá a corrupção do PSDB!”. E
em seguida ajuntam: “Pelo menos milhões mudaram de classe social no Brasil.
Milhões!”.
Então,
o PT, de quem tantos esperavam tanto, inclusive o degas aqui, então o PT é como
os outros. Quer dizer: não há saída. Os brasileiros tentaram de tudo: um
presidente populista, um professor universitário de esquerda, um operário
sindicalista profissional e uma técnica desconhecida, com eles o país melhorou
aqui e ali, mas piorou lá e acolá, e o desconforto só aumentou, o país está a
cada dia mais triste, violento e intolerante, todos reclamam, todos protestam.
No
ano passado, os brasileiros tentaram fazer algo por eles próprios. Saíram às
ruas, gritaram “sem partido, sem partido!”. De que adiantou? De nada. As
manifestações de junho não serviram para coisa alguma, a não ser para dar
combustível aos radicaletes inconsequentes.
A
imprensa americana faz matérias perplexas com o Brasil. “Por que o Brasil está
assim?”, perguntam. E todos nós perguntamos também: Por quê? O que está errado?
Só pode ser coisa do Bonner e aquela sua falsa naturalidade no Jornal Nacional,
os muxoxos para a Poeta, as gracinhas desajeitadas. Só pode ser coisa da
“Mídia”. Será? O que não está funcionando?
O
que não está funcionando é a essência. Existe uma crença à direita e à
esquerda, um credo de petistas, tucanos, peemedebistas, ex-arenistas, um credo
que diz que o dinheiro é a solução de todas as coisas. De fato, o dinheiro é a
solução para algumas coisas, desde que se saiba o que fazer com ele. Não falta
dinheiro ao Brasil. O Brasil tem dinheiro para levantar um estádio em Cuiabá,
para comprar caças suecos, para investir em porto cubano. O governo brasileiro
distribui dinheiro à população, no que faz muito bem. E consome outro tanto em
escaninhos escusos, no que faz muito mal. O problema é que o dinheiro não
compra o bem-estar.
Como
se produz o bem-estar? Para começar, com união, não com desagregação.
Vou
tomar um único ponto, um que é consensual: a Educação. O Brasil investe em
universidades e cursos técnicos. Está errado. Nos últimos 20 anos, o Brasil
deveria ter se concentrado com prioridade máxima, senão com exclusividade, em
educação básica e fundamental.
Qualificar
escolas e professores, melhorar as estruturas e os salários, e cobrar
duramente, mas duramente!, por resultados, é o que deveria ter sido feito. Se a
educação básica e fundamental fosse de alta qualidade, não seria preciso lançar
mão de quotas, por exemplo, que são ações talvez justas, mas certamente
desagregadoras. O aluno chegaria a um concurso público ou a um vestibular em pé
de igualdade com quem fez escola privada.
Só
que investir em Educação não é apenas jogar dinheiro na Educação. É preciso
saber o que fazer, enfrentar corporações poderosas, preconceitos históricos,
manhas sociais. Escolas públicas fortes, professores de alto nível intelectual
e salarial, currículos inteligentes, nada disso é fácil de se fazer e nada
disso rende voto rápido. O Brasil é um país cheio de demandas e cada qual acha
que a sua é mais urgente.
A
causa da tristeza do brasileiro é a desesperança. É a descoberta de que nada do
que lhe é oferecido como remédio vai lhe tirar a dor, nem situação, nem
oposição, nem a revolta pela revolta. Alguém tinha de dar um jeito nisso.
Alguém tinha que fazer sarar essa minha perna. E o Bonner, miserável, fazendo
carinha para a Poeta.
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