11
de junho de 2014 | N° 17825
VERISSIMO
NA COPA
OS CABELOS
Da
série “Eu sou do tempo em que...”
Eu
sou do tempo em que para tirar fotos os times posavam com a “defesa” perfilada
atrás e o “ataque” na frente de cócoras, em vez de apenas inclinado, como se
não pudesse esperar para sair jogando, como acontece hoje.
Eu
sou do tempo em que se fazia “tabelinha”, a invasão da área adversária por uma
dupla de atacantes trocando passes rápidos e sucessivos, desconcertando a
defesa. Quem fazia isso melhor do que ninguém era a dupla Pelé e Coutinho, no
Santos. No Internacional dos anos 50, Larri e Bodinho. Hoje, com a entrada da
grande área congestionada, não há mais espaço para tabelinhas. Saudações
sentidas para uma arte desaparecida.
Eu
sou do tempo em que goleiro sempre usava joelheira. Depois descobriram que
joelheira prejudicava a circulação do sangue mais do que protegia os joelhos. As
joelheiras também desapareceram nas brumas do passado.
Eu
sou do tempo em que os jogadores usavam rede nos cabelos. Era para segurá-los
no lugar, talvez para ajudar no cabeceio. É verdade: rede. A moda dos cabelos,
pensando bem, foi o que mais mudou no futebol, um esporte eminentemente
conservador, através dos anos. Nos anos 70, os homens usavam os cabelos pelos
ombros, lembra?
De
trás era difícil saber se era homem, mulher ou maestro. Jogadores negros tinham
a cabeça enfiada em grandes colmeias desabitadas. Cabelos compridos ou afro
combinavam com calças boca de sino. Olhar uma foto nossa daqueles anos, hoje, é
um exercício de nostalgia, se você concordar que a nostalgia consiste em
lembrar como fomos ridículos um dia.
No
futebol, depois das cabeleiras veio a moda do cabelo rente, ou da cabeça
pelada, estilo Ronaldo. Hoje não
existe um estilo dominante, mas os cabelos parecem que voltaram com força. O
David Luiz tem uma juba esvoaçante.
O
Marcelo tem uma horta mal cuidada na cabeça. O Willian também. O Neymar muda de
estilo a cada jogo, variando do neobarroco à instalação pós-moderna. Nos outros
times da Copa, também não há uma moda capilar uniforme, e vê-se de tudo. Tem
até um americano que, aparentemente, não quis deixar sua marmota de estimação em
casa e trouxe-a na cabeça.
Eu
sou do tempo em que tudo isso seria muito estranho.
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