29
de junho de 2014 | N° 17844
VERISSIMO
NA COPA | L.F.VERISSIMO
UFA!
É conhecida a história daquele editor de jornal que
se lembrou em cima da hora que no dia seguinte era Páscoa e o jornal precisava
se referir à data. Entrou na redação e pediu a um repórter:
–
Escreve aí cinco linhas sobre o martírio de Jesus Cristo.
E o
repórter: – A favor ou contra?
Também
faz parte do folclore jornalístico a matéria feita antes do fato, que vale para
qualquer eventualidade. Considerações sobre o nada, à prova de desmentido.
Outro recurso do jornalista na sua eterna luta com os prazos de fechamento do
jornal é fazer duas matérias, uma prevendo uma coisa e outra prevendo o seu
oposto. Este é perigoso, pois há sempre o risco de haver confusão e sair a matéria
errada. No caso do futebol, a matéria dupla feita antes de se conhecer o
resultado do jogo – por que ganhamos, por que perdemos – requer uma dose ainda
maior de sangue-frio.
A
verdade é que entre todos os avanços tecnológicos disponíveis, hoje, para
jornalistas e palpiteiros ainda não inventaram o que realmente precisamos.
Lembro a sensação que foi, entre nós, subdesenvolvidos, a aparição de
jornalistas europeus com computadores portáteis, ainda primitivos mas já anos
na frente das nossos humildes blocos de notas e canetas, na Copa do México em
86.
Transcrevíamos
nossas notas com máquinas de escrever pre-históricas e depois picotávamos
nossas matérias em fitas de Telex, para transmiti-las. Hoje temos tudo na palma
da mão e na ponta dos dedos – celulares, tabletes, satélites e etceteras
eletrônicos – para transmissões instantâneas – mas ainda não temos bolas de
cristal. Nada mais antigo, do tempo de magos e feiticeiras, do que bolas onde
se enxerga o futuro. Mas falta a versão para jornalistas. Assim não dá.
Confissão:
o texto acima foi escrito antes do jogo. Agora eu sei qual foi o resultado do
jogo. E cada vez me convenço mais que decisão nos pênaltis deveria ser proibida
pela Convenção de Genebra. Quanto ao jogo, minha analise abalizada é a seguinte:
UFA!
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