28
de junho de 2014 | N° 17843
PAULO
SANT’ANA
Clamorosa arbitrariedade
Continua
a repercutir a punição draconiana que a Fifa aplicou no jogador uruguaio Luis
Suárez, que mordeu as costas de um adversário italiano durante uma partida.
Ele
foi punido com suspensão por nove jogos e com quatro meses de inatividade.
Com
isso, o Uruguai fica desprovido de seu principal jogador para as oitavas de
final da Copa do Mundo, o que equivale a vir a ser eliminado em campo, dada a
importância vital que seu centroavante tinha no time.
O
que a Fifa fez foi cruel, foi desumano, foi irracional, em face do exagero da
pena.
Pode-se
dizer hoje que não há na ordem das coisas humanas um poder tão descomunal
quanto o da Fifa, nenhum governo de um país possui assim poder tão ditatorial e
imperial quanto o da Fifa.
As
sanções da Fifa são irrecorríveis, nenhuma Justiça estabelecida pode reformar
decisões da Fifa. Ela tem um poder divino inalcançável, mesmo que suas decisões
incluam punições devastadoras sobre jogadores, dirigentes, entidades.
Não
se pode recorrer de decisões da Fifa. Isso é um escárnio, posso dizer sem
receio que grassa uma revolta enorme entre as pessoas de bom senso e de consciência
com a atrabiliária decisão.
E
todos lamentam, protestam, mas ficam de mãos amarradas, sem nada poder fazer.
Imagina-se
a dor pessoal do jogador e a dor do Uruguai, assim brutal e injustamente
desfavorecido.
Desde
que o mundo é mundo, perpetram-se as injustiças. Desde a crucificação de Cristo
até a ingestão de veneno por Sócrates.
Essas
e todas as outras injustiças bateram no rochedo íngreme e impenetrável das
deliberações humanas irrecorríveis.
Uma
sucessão de injustiças brutais se inscrevem no espólio das decisões dos homens
contra outros homens.
Por
isso é, imagino, que está inscrito na Bíblia o Dia do Juízo Final, quando todas
as contas, suponho, serão ajustadas, quem tiver a pagar, pagará, quem tiver a
receber, receberá.
Juízo
Final é uma esperança das pessoas que foram injustiçadas em vida e nada puderam
fazer contra essas injustiças, pagaram com a vida ou com seus patrimônios
roubados, expropriados pela exceção.
Isso
não pode ficar assim.
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