quinta-feira, 26 de junho de 2014


26 de junho de 2014 | N° 17841
DAVID COIMBRA

O NOVO MESSI QUE SURGE NO BRASIL

O Messi que está surgindo agora nos campos brasileiros, o que foi visto a reluzir ontem, em Porto Alegre, este é um novo Messi. É o Messi argentino. Porque até então o mundo só conhecia o Messi do Barcelona, o Messi agradecido ao clube que o acolheu e bancou seu tratamento de saúde quando ele tinha apenas 13 anos de idade e 1m40cm de altura.

No Barcelona, Messi foi o astro de um supertime que revolucionou o futebol mundial. Um time único, como único foi o Real Madrid de Puskas, ou o Santos de Pelé, ou o Ajax de Cruyff. No Barcelona, Messi tinha de um lado o cérebro, Xavi, de outro os pulmões, Iniesta. Esses três pequenos e ativos jogadores deram ao Barcelona uma intensidade jamais vista no futebol mundial. Mas aquele time acabou, e acabou porque seu jogador central, Xavi, não tem mais a mesma capacidade física que tinha há dois anos.

Não se sabe o que será do novo Barcelona, esse em que Messi tem Neymar como companhia, mas nesta Copa do Mundo vê-se que o principal investimento do craque, hoje, é a seleção de seu país natal. O Messi da Argentina de 2014 não é o da Argentina de 2010. Quatro anos atrás, havia o incômodo de um explosivo Tevez dentro de campo e de um ostensivo Maradona fora dele. Messi, mesmo com toda a sua capacidade, ainda não era a estrela principal.

Agora é. Agora ele é o capitão, é quem decide a mudança tática, é quem faz os gols, é quem joga com a seriedade de quem tem um objetivo a cumprir. Messi ganhou todos os jogos da Argentina até agora. A Argentina é o time dele. Um time que ele está preparando para vencer.

O ADEUS DO CRAQUE

O Zini conhece o joguinho. Escreveu, nesta semana, uma coluna fazendo justiça a um dos maiores craques do século 21, o jogador em torno do qual foi montado o supertime do Barcelona, o maestro discreto da Copa de 2010: Xavi.

Xavi fazia a diferença no Barcelona e na seleção da Espanha. Era o cérebro de um e de outro. Vi-o em campo em algumas partidas da Espanha na África do Sul, e me embasbaquei. Xavi controlava o jogo com uma habilidade escorregadia, com a consciência e a presciência exatas de cada lance. Com a bola nos pés, encontrava espaços onde não havia. Sem ela, dava opções de desafogo aos seus companheiros. Xavi tornou Iniesta maior do que é e fez Messi assumir sua verdadeira dimensão. O próprio Messi um dia admitiu:

– Difícil é fazer o que o Xavi faz...

Fazia. Xavi foi um jogador temporão. Amadureceu tarde. Desenvolveu seu jogo basicamente por quatro anos, de 2008 a 2012. Antes disso, não lhe davam condições de aparecer; depois disso, não tinha mais condições de render. A decadência de Xavi foi a falência do Barcelona e da Fúria. Não há quem o substitua. Ao contrário do que se pensa, muitos são, sim, insubstituíveis na vida.

VELHOS XAVIS


Xavi foi uma mistura de dois craques que tive sorte de muito ver em campo, um do Inter, outro do Grêmio: Carpegiani e Valdo. Como Carpegiani, Xavi carregava a bola e, antes de passá-la adiante, dizia ao companheiro o que devia fazer. Como Valdo, era dono de uma habilidade macia, jogava fácil, como se não fizesse esforço. Fazia as coisas de forma simples, o que é o mais difícil.

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